Uma revolução chamada Empoderamento

Já passamos por diversas fases, muitas vezes foi difícil ser uma mulher preta e estou convencida que cada luta faz parte de uma grande batalha. Houve o tempo em que mulheres pretas, negras, mulatas e praticamente todas as manifestações de colorismo, só apareciam no Carnaval ou em papéis secundários em novelas, de preferência como serviçais. Depois veio a “inclusão” com mulheres negras praticamente brancas ou com quase nenhuma característica negra e que pouco representava a maioria neste País. E como ficaria a autoestima de mulheres negras retintas, como eu? E aquelas com seus blacks altos e realmente crespos, que em nada se assemelhavam às mulheres europeias? Crescemos incentivados a pensar que somente era considerado esteticamente bom, onde quem não se encaixava neste perfil, estava fora do padrão de beleza. Então, deixa eu te contar uma história, na verdade a história de uma revolução chamada empoderamento.

Como já falamos aqui, no fim da década de setenta vimos o feminismo negro despontar lutando por direitos. No Brasil, a comunidade negra procurava uma postura de identificação no seu modo de vestir, falar e agir. Passou-se a valorizar mais os traços naturais, o cabelo com o passar dos anos tomou status de resistência contra a opressão racial. Em nossa cidade, seguimos a tendência e promovemos desfiles de mais belas negras, dentro do território negro chamado Sociedade Floresta Montenegrina.

Fizemos moda, incentivamos outras mulheres e fizemos nossas meninas acreditarem que haveria espaço para elas, para sua beleza com seus traços negros. Fomos tomando outros espaços, tomando as ruas e pontuando a necessidade de representatividade adequada, sem estereótipos, sem objetificação do corpo nu e com protagonismo. Só que ainda assim queríamos mais, queríamos nos ver na TV, outdoors e todo meio de comunicação possível. E por muito tempo, achei que Montenegro não teria seus rostos estampados com destaque e valor. De repente ao olhar a tv em um dia tranquilo, vejo Josiane Azeredo, guria de sorriso largo, fala consistente, ativista de causas femininas, atriz, modelo, princesa da Festa da Integração de 2013 em Montenegro, divando em comerciais de um grandes marcas do mercado da beleza. Brilhando em papel de destaque, em horário nobre representando sua gente, sua ancestralidade, sua terreira e dando orgulho aos seus. Tive a satisfação de, depois de tantas tormentas, ver uma estrela afro-montenegrina ser reconhecida por seu trabalho, esforço, dedicação e beleza.

Mas, se alguém ainda precisava de explicações, acabamos de citar um exemplo do que chamamos de representatividade, empoderamento, de respeito ao próximo e a sua raça. Eis o que repetiremos para que todos leiam e não se esqueçam: Lutamos para ver as mulheres negras em mesmas condições e como exemplo para outras mulheres montenegrinas. Asè!

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