Quando falamos em diversidade, não estamos falando somente sobre tom de pele, mas de uma esfera mais ampla, como por exemplo a orientação sexual. O Dia Nacional do Orgulho Gay, ocorrido em 28 de junho, nos fez refletir sobre ser negro e LGBTQIA+. Você já pensou nas batalhas de quem é negro e faz parte do grupo de LGBTQIA+? Então, deixa eu te contar uma história. A leveza de ser quem é, ou de demonstrar carinho ou afeto sexual por quem se ama, infelizmente é um privilégio de poucos e, em alguns cenários, um risco.
Ao longo da minha infância e boa parte da adolescência, não tinha me dado conta o quanto ser LGBTQIA+ era visto de forma negativa por outras pessoas, fora do meu meio familiar. Cresci com um pai feminista, ativista, e dono de uma humanidade que não tinha explicação. Meu primo mais velho, um “homem com trejeitos” respeitado e querido na nossa casa, convivia conosco, seus amigos e mais tarde com seu marido de forma tranquila e sem dramas. Foi somente quando vi a primeira agressão a um homossexual que entendi o quanto podia ser perigoso e que as minhas referências da vida não eram a realidade geral. Não tive dúvidas, defendi a “travesti”, gritei e quase voei no agressor. Quando me dei por conta o agredido estava parado, me olhando sem entender ou não acreditando que a estava defendendo. Para mim era lógico e óbvio, mas para ela, alguémprovavelmente calejado foi espantoso, receber de uma estranha uma demonstração de respeito. Ela não precisava de mim, mas eu precisei dela.
Eu precisei ver o quanto o preconceito afeta diretamente, trazendo dores emocionais que se acumulam ao racismo, orientação sexual e gênero. Eu precisei entender que essa parcela da população enfrenta mais obstáculos de cunho diversos. Eu precisei entender que mesmo tendo evoluído o debate, com direitos reconhecidos e pautas abrangentes pró-diversidade, a caminhada ainda é longa. Eu precisei entender que pessoas negras LGBTQIA + são alvos frequentes, de violência física e psicológica. Que mulheres negras trans são as maiores vítimas de feminicídio e que vivem uma situação de insegurança social. A comunidade LGBTQIA + negra está mais desprotegida, pois tem menor proteção dos governos e das famílias.
Ao longo do tempo, os movimentos negros entenderam que combater ao racismo sem combater o sexismo, homofobia, intolerância religiosa e xenofobia não fazem nossa causa avançar. Eis que ainda vai ter aqueles que vão perguntar, mas o que eu posso fazer? Seguir o exemplo daquela menina de 18 anos que gritou, bateu pé e defendeu uma mulher trans no seu direito de ir e vir. Nós podemos e devemos incentivar a promoção da diversidade em todos os espaços, incentivando pretxs e negrxs a sonhar, a lutar, a se posicionar. Pretxs e Negrxs com certeza terão mais possibilidades se o aquilombamentofor efetivo.
Respeita o arco-íris!
Asè.