Mulher negra no ministério da Cultura?

O processo eleitoral como um todo e a troca de governo, nos fez pensar nos rumos do Brasil. Paramos para nos perguntar qual é a participação da comunidade negra neste novo governo. Será que vamos ter uma participação maior de negros, mulheres, povos indígenas e comunidade LGBTQIA+? Será que vamos sair do âmbito de beneficiados por políticas públicas e nos tornar gestores com o poder de deliberar? Isto é sobre inclusão de fato ou mais do mesmo? Então os primeiros nomes começam a ser divulgados e no Ministério da Cultura temos a indicação de Margarete Menezes. Como de costume, vieram os questionamentos: Por que ela está no ministério da cultura? Não tem mais ninguém para o ministério da cultura? Então… deixa eu te contar uma história! Margarete Menezes da Purificação é uma mulher preta retinta, ex-atriz, cantora renomada, com carreira internacional e com experiência em gestão.

A indicada à ministra tem elevada relevância, em um país que no último governo pouco teve ações que dessem conta das especificidades no que tange raça e cor. Ela representa um olhar mais condizente com a participação das mulheres negras e dos representantes das diversidades no campo das artes. A indicação da ministra ressignifica o presente e aposta no futuro. Estamos falando em ter um referencial negro com papel de fala, para que as bolhas sociais sejam definitivamente furadas. O Ministério da Cultura é um importante espaço que, não só demanda sobre patrimônios artísticos e culturais, como protege a memória de um povo. É sabido que povo negro tem uma contribuição significativa na cultura brasileira, nas suas representações,artísticas e na constituição do mundo das artes, mas que em contrapartida foi invisibilizada, devido a forte ação do racismo estrutural.

A estabilização de uma equipe que tenha um olhar refinado dedicado à cultura afro-brasileira é a garantia de preservação de nosso patrimônio imaterial. A primeira-ministra da cultura negra da história do país chega ao cargo com uma carreira impecável, onde consta fomento à cultura, combate ao trabalho infantil, exploração sexual e outras violações de direitos. Dirigente de organizações não governamentais e embaixadora da Unesco. Potente voz preta, usou tanto de sua música, como suas contribuições de colunista no mais importante veículo de imprensa negra, para expressar sua opinião.

Sim, ela faz parte do time de colunistas pretos que discutem pretitudes como eu. Margarete Menezes não é apenas uma mulher negra à frente de um cargo público, ela é a formalização do impacto causado pelos movimentos culturais e sociais. Estamos falando do rosto e da voz das mulheres negras no governo federal. Não estou satisfeita ainda, estou esperando os povos indígenas, os homens negros, a comunidade LGBTQIA+ e mais diversidade tomarem seus assentos de direito. Afinal ficaremos a reverenciar, apostando na mudança.

Asè Ministra!

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