Vivemos o sonho olímpico, passamos dias contemplando Paris, o esporte e as diversas manifestações culturais. Desde a abertura, a diversidade foi o ponto alto, comunidade LGBT, diversidade étnica, manifestações culturais, arte, música e tudo que um bom apreciador gosta de ver. Mas o que me bateu no coração foi ver a comunidade negra neste lugar onde as diferenças sociais, de cor, gênero, orientação sexual foram minimizadas e a resiliência e determinação guiaram a jornada. O esporte é uma dispositivo de desenvolvimento social, que, nas comunidades com vulnerabilidade, acaba sendo a melhor oportunidade de crescimento saudável e protegido. Estamos muito felizes com o bom desempenho da população negra nas Olimpíadas, mas ninguém acredita que isso é sinal de meritocracia, ou seja, não basta querer, precisamos de investimento pesado. E os questionadores questionarão: o quanto o esporte impacta de fato na comunidade negra? Existe algum reflexo das olimpíadas na comunidade negra gaúcha? Então… deixa eu te contar uma história! A história por diversas vezes torna invisível a comunidade negra, distorce os exemplos, minimiza os feitos e se apropriou de nossas conquistas. Ser mundialmente reconhecidos nos esportes, é o que entendemos como modelos adequados, que proporcionam empoderamento e refletem a luta e garra dos 54% de população negra no Brasil. A participação em massa das mulheres também reflete a mudança de paradigmas, somos uma das delegações que mais classifica mulheres. Estamos falando de um investimento social em diversos setores educacionais, saúde mental da população negra. Estamos cientes do investimento realizado pela iniciativa privada e os programas governamentais que acolhem cotas, vagas afirmativas, apoio à diversidade, apoio aos povos indígenas e comunidades periféricas, fizeram a diferença. Sabemos que a falta de recursos pode ser minimizada com políticas que deem conta de necessidades básicas e qualidade de vida para os nossos jovens. Sabemos que investimentos em escolas públicas, na educação mais completa atinge em cheio quem de fato precisa e por conseguinte as minorias sociais. O crescimento significativo da participação das mulheres, é uma demonstração de determinação. Ainda infelizmente, convivemos com a diferença de investimento financeiro em relação aos homens em algumas modalidades, como por exemplo o futebol. Debate que cada vez mais ganha força, impulsionado pelos bons resultados das equipes femininas. Mas para quem ainda não entendeu, vou repetir quantas vezes for necessário: Equidade é o que nos faz concorrer de fato, meritocracia é a forma que as pessoas usam para não apoiar as pautas de quem está em situação desigual. Assim como todos os povos que receberam incentivo financeiro e social a comunidade negra ao ser vista, cresce, e entrega resultados. Saravá