Estamos de aniversário! A coluna de hoje novamente é festiva pelo simbolismo, pelo avanço e pela coragem em reescrever a história. Talvez para algumas pessoas, não esteja claro o quanto é significativo fazer dois anos de contribuição em parceria com essa equipe. E alguns vão perguntar: Porque ser colunista do Jornal Ibiá é tão significativo? Existem tantos pessoas que escrevem colunas, o que te difere? Vai dizer que tem algo haver com ser negro? Por acaso tu acha que foi a primeira pessoa negra a escrever no jornal local? Então… deixa eu te contar uma história! Para quem sempre foi protagonista não faz diferença. Para quem está na luta pelo espaço, ter liberdade para falar sobre pretitudes, negritudes, povo preto, contar histórias pretas, discutir pautas negras tem sido uma vitória.
Não estamos dispostos a ter espaços eventuais em novembro, para cumprir o calendário “comemorativo” , somos negros o ano inteiro. No início, fui questionada se teria o que escrever, e ao longo destes dois anos, ainda temos muitos temas a serem abordados. Foram muitas pessoas que contribuíram de forma significativa, por vezes eventual, por vezes diretiva e por vezes desrespeitosa. Nosso papel como colunista preta, escritores pretos ou autores negros é incentivar o rompimento do círculo vicioso do racismo estrutural. Estamos questionando o pensamento racista, na intenção de resgatar a identidade da história e cultura negra. Ao questionar aqui diversos temas, temos a oportunidade de trazer ao público aspectos relacionados à população negra que fazem diferença no nosso cotidiano. Estamos somando esforços aos movimentos sociais que têm se dedicado à construção de uma sociedade mais plural e com respeito à diversidade.
E que fique claro, não estamos fazendo a revolução,somos um pequeno grupo que apoia a revolução. Nosso intuito é apoiar e dar voz a todas as pessoas que contribuem com a pauta preta e políticas antirracistas. Faço parte de um coletivo Preto, que se uniu para falarmos sobre a história e vida de pessoas reais, que convivem conosco todos os dias, mas que são vítimas da invisibilidade que nos assola. Toda história aqui contada tem uma cara, tem um nome, tem um dono, tem uma vivência ancestral. Toda a história aqui contada, é pautada na necessidade de apresentar ao público uma representação adequada sobre a comunidade negra. Toda história aqui contada, visa valorizar aqueles que foram silenciados em diversos contextos.
Toda história aqui contada é porque representatividade importa sim. Toda vez que temos representatividade, podemos mostrar que não somos nem melhores nem piores, mas que temos diferentes perspectivas, oportunidades e acesso. E convido a todos a seguir descolonizando a percepção dos leitores, , contribuindo com essa coluna e indicando temas a serem discutidos. Convido a todos a prosseguirem na nossa jornada, lendo, comentando, discutindo, questionando e promovendo debates sobre a pauta negra no ano todo, da mesma forma que o Jornal Ibiá se propôs. Que possamos festejar essa e outras parcerias. Axé, axé, axé para todo mundo, axé! (Martinho da Vila) Saravá!