A cultura faz parte das necessidades básicas em prol da reconstrução. Nem só de pão vive o homem, também vivemos de arte, qualidade de vida e saúde mental, que são fomentadas pela delicadeza da cultura viva, que transcendem a nossa alma e os saberes ancestrais. Tivemos perdas significativas em todo estado na área da cultura, foram museus, bibliotecas, clubes, teatros, terreiros todos devastados. Sendo assim, a ministra da cultura Margareth Menezes visitou o estado nesta quarta-feira, com a finalidade de divulgar o planejamento de seu ministério, neste período de reconstrução. Haverá diversas ações aos aparelhos da cultura, para minimizar as perdas causadas pela catástrofe.
E os questionadores questionarão: Porque tu te importas com esta visita? Vai dizer que a comunidade negra tem alguma coisa haver com isso?A cultura é tão ampla, tu acha que vai sobrar uma fatia para o povo Preto? Então… deixa eu te contar uma história! Fomos contemplados sim. Fomos lembrados sim. O que mais me deixou feliz foi ter ciência que o Ministério da Cultura tem uma pauta preta. Que pretende destinar parte dos valores às manifestações culturais afro-brasileiras. Foram citados, os quilombos, povo de religiões de matriz africana, cultura hip hop, carnaval, e promessa de um olhar voltado aos clubes sociais negros do Rio Grande do Sul.
É significativo sonhar com a possibilidade de que no nosso estado, lugar onde a cultura negra foi amplamente inferiorizada ou invisibilizada, poderemos receber investimentos do governo federal. De estarmos efetivamente na agenda da reconstrução, com equidade às demandas de cada segmento. Em nenhum momento desfaço de qualquer outra manifestação cultural, mas quem é preto sabe a dificuldade de sermos lembrados. A enchente não perdoou ninguém, no entanto a população negra, periférica, pobre foi uma das mais atingidas, porque já vivia em zona de vulnerabilidades.
Sabe-se que a cultura protege vidas e tem feito o seu papel em lugares que nem sempre o poder público atinge. Sabemos que projetos sociais organizados pela cultura Hip hop, o carnaval ou as religiões de matriz africana acolhem e protegem. Que os quilombos através dos tempos foram refúgios. Que os clubes sociais negros tem papel de aquilombamento através dos tempos.
O que difere este momento é que o Ministério da Cultura, entre outras pautas, demonstrou preocupação de incluir povos tradicionais, negros e o povo preto. O que difere este momento foi a sensibilidade com o negro gaúcho, tão esquecido por esses pagos. Somos parte constituinte deste estado, e merecemos ser respeitados sem ressalvas. Por mais equidade, por mais cultura preta, por mais ancestralidade negra.
Iboru!