Todos nós temos traumas. Fantasmas do passado, dores, coisas mal resolvidas, enfim. No meu caso, a Matemática. As ciências exatas em geral, mas, sobretudo, a Matemática. Eu era um aluno médio. Ótimo em ciências humanas e péssimo com números e fórmulas. Tive sorte que Deus botou no meu caminho a Clarice Pölking, a Maglia, entre outras educadoras. Elas eram fantásticas. Percebiam a gravidade do caso e não zombavam de mim. Ao contrário, me ajudavam. Eu compensava sendo ainda mais querido com elas que com as outras profes. O que me salvou foi a minha “queridice”.
Eu tenho tanto trauma de Matemática que volta e meia eu acordo com pesadelos em que apareço em uma sala de aula, tendo que voltar a ter aulas da disciplina. JURO. Contei isso à Eni Colling, que foi professora de Matemática, e ela quase não acreditou. E é óbvio que eu sei da importância de aprender Matemática e de como ela é fundamental para o mundo e o progresso da ciência. Eu a respeito. Mas a temo.
Ocorre que este medo de voltar a ter aulas de Matemática finalmente foi amenizado. Foi quando entrei na Escola do Sesi, recém inaugurada. Tudo lá impressiona. A estrutura do prédio, construído impecavelmente em pouquíssimo tempo; a disposição física, com salas de aula e biblioteca conectadas à realidade dos jovens desta geração; e uma proposta pedagógica que prepara cidadãos do futuro, auxiliando na escolha profissional e estimulando o gosto por estudar.
É quase utópico. Professores e alunos motivados, encantados e juntos descobrindo e redescobrindo novos caminhos. Os olhos da diretora Rivi brilham cada vez que ela mostra uma parte do Colégio. Que presente para Montenegro nos deu o Serviço Social da Indústria. Saibamos aproveitá-lo. Me deu vontade de voltar a estudar. De voltar a ser adolescente. Mesmo que para isso eu tivesse de tornar a enfrentar a Matemática. Tomaria coragem. Mas com a Maglia e a Clarice de novo, ali do ladinho. Sem elas, eu não conseguiria. Sem elas, eu estaria até hoje no “segundo grau”.