BBB

Todo mundo adora dar pitaco na vida dos outros. O que as redes sociais fizeram foi ampliar o alcance e a repercussão do que pensam famosos, anônimos, o vizinho do prédio, o chefe, etc. Essa democratização de postar as mais diversas opiniões sobre qualquer assunto é boa, evidente. Já vi excelentes debates no facebook e twitter. O problema é que viralizou um comportamento deselegante, chato e autoritário. Me refiro àqueles que todos os dias se julgam superiores aos outros apenas por não compartilharem dos mesmos gostos.
Eu não gosto de assistir ao BBB. Simplesmente, não gosto. O formato, a proposta, nunca me atraíram. Nem por isso deixo de reconhecer que vários países do mundo compram esta ideia de espiar a vida dos confinados. O ponto é: exatamente o mesmo direito que eu tenho de não assistir é o que os telespectadores igualmente têm quando ligam a televisão. Simples assim. Reparem que o que nos separa é um botão. E por que diabos eu vou me julgar mais inteligente que o meu colega que vidra os olhos nas instruções do Tiago Leifert, ou que chorava com os discursos do Bial?
Agora vamos falar de música. Se você não gosta do Pablo Vittar e sua voz, é bem fácil de evitar estresse desnecessário. Não ouça. Ignore. Mas ninguém precisa ouvir só Chico Buarque, Tom e Caetano para ser bacana. Quando estes, aliás, surgiram, também foram criticados por quem se achava mais refinado. A censura inclusive chancelou nas décadas de 60 e 70 o que hoje muitos gostariam de fazer: uma espécie de tribunal para julgar quais obras artísticas poderiam ou não ser difundidas no país.
Então, se você ouve Mozart, assiste documentários e vai ao cinema regularmente, ótimo. Mas não é isso que te faz melhor que o cara que pega a pipoca, senta na poltrona e espera a prova do líder ou se diverte dançando até o chão. Sabe o que te faz um “ser humaninho” elevado? Aceitar as diferenças, o contraditório, contemplar a diversidade. Felizmente, hoje temos o direito de ser o que queremos sem sermos levados ao paredão. Me refiro aos locais em que ocorriam fuzilamentos, não o que elimina os participantes às terças de noite.

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