A história nos ensina

Ele” não surgiu assim do nada. Tivessem prestado atenção aos primeiros passos ao invés de subestimá-lo, muito disso tudo teria sido evitado. Homens como “Ele” surgem exatamente em terrenos propícios a discursos fáceis, populares. A crise econômica gravíssima, das maiores de todos os tempos, empurrou um grande contingente de trabalhadores para o desemprego. Assim, pregar a união do país através de um ultra nacionalismo pareceu um gesto extremamente patriota, simples, de amor à nação. Natural, portanto, o slogan que colocou o “país acima de tudo”.
A carreira militar o destacou como um líder, capaz de garantir a segurança dos cidadãos, pais de família. Em defesa da ordem e dos bons costumes. Ninguém vira Presidente por acaso. Ou se vira, não dura muito tempo. É preciso ter apoio popular, através das urnas. E multidões o carregaram nos braços. O saudaram, fundamentalmente, porque debaixo daquela farda estava a esperança de tantos que não acreditavam em mais nada. Um “outsider”, alguém à margem da classe política. Com postura enérgica, firme, em defesa da soberania nacional.
O discurso de esmagar as minorias foi aceito como uma espécie de sacrifício temporário. Era preciso estabelecer prioridades, então, “os mais fracos teriam que se adequar aos mais fortes”. Uma interpretação a seu modo para a chamada capacidade de adaptação, apregoada por Darwin. Desnecessárias, portanto, políticas públicas para deficientes, os que sofriam de alguma síndrome, problemas congênitos, enfim. A defesa da família tradicional não incluía a diversidade, alijando homossexuais e transgêneros do convívio social, inclusive com o uso da força, sob a tutela do Estado.
Quase cem anos depois, é difícil entender como Adolf Hitler chegou tão longe, na primeira metade do século XX. É impossível aceitar que essas ideias encontrem guarida nos tempos atuais em tantos corações e mentes. Se a história é cíclica e se repete, valores humanitários deveriam abrir exceções no caso de atrocidades tão monstruosas. Há certas coisas que não poderiam voltar jamais. Pelo menos, as autoridades punem com rigor o desagravo a essa enorme e traumática mancha de sangue na história de uma nação. Serve de exemplo. Falo da Alemanha, evidente.

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