O jornalismo comunitário feito pelo Ibiá precisa perpetuar

A minha relação com o Jornal Ibiá é muito antiga, antes mesmo de aprender a ler e a escrever. Eu lembro de folhar o Ibiá na minha casa e na casa da minha avó Reli. Acredito que este contato com a mídia impressa, com as páginas do querido diário de Montenegro, tenha tido grande influência na minha decisão de cursar jornalismo.
A minha mãe, Tânia Regina Schenkel, assinou o Jornal Ibiá em 21/02/2000, ou seja, quando eu tinha apenas 4 anos e seis meses de idade. De lá para cá eu me vi em diversas edições do Ibiá, seja em atividades da escola, eventos, entrevista sobre a qualidade do ensino do colégio, voluntariado durante a pandemia e até mesmo no Caderno Ibiá Mais, quando o meu cachorro participou de um clipe.

Anos mais tarde fiz parte da equipe do jornal como repórter. Entre maio de 2018 e julho de 2019 escrevi dezenas de matérias e reportagens, sobre os mais variados temas. Lembro, ainda, que assumi justamente o Caderno Ibiá Mais, que depois virou Expressão, para o qual antes havia sido entrevistado em duas oportunidades. Foram muitos bairros visitados, várias pessoas entrevistadas e até mesmo matéria que não saiu, mas a apuração auxiliou uma família que estava desesperada com o estado de saúde de uma familiar internada. Atuei, além da reportagem, pois naquela situação fui mediador de informações.
Em minha análise, o Jornal Ibiá se reinventa sempre que necessário na busca para garantir o seu espaço de circulação e atuação, mesmo que o avanço da tecnologia siga uma velocidade quase que inalcançável. Para chegar ao maior número de pessoas, entramos nas plataformas digitais e entregamos conteúdos audiovisuais nas redes sociais, atingindo todos os públicos que querem e buscam informação.

Cabe aqui chamar a atenção da população. É válido que a comunidade saiba a importância que o Ibiá tem em Montenegro e nas pequenas cidades do interior como Maratá, onde vivo e trabalho. Sem notícias e sem informação correta a gente não tem sociedade culta, bem-informada e me atrevo dizer que nem mesmo temos os direitos básicos garantidos. A imprensa tem um papel fundamental neste sentido.

Cabe a cada um de nós valorizar, assinar e apoiar de todas as formas o nosso querido jornal, pois é a ele que muitos cidadãos recorrem quando têm seus direitos violados ou quando enfrentam problemas. Muitas vezes o jornalismo e os veículos da imprensa assumem o papel de “advogados” do cidadão, quando, por exemplo, o serviço público não faz o seu papel como deveria. Lemos frequentemente matérias de pessoas que precisam de ajuda após incêndios, acidentes ou até mesmo quando enfrentam dificuldades financeiras. O jornal está lá para dar voz e visibilidade a essas pessoas. Isso tem nome, isso é jornalismo cidadão, jornalismo comunitário.

O jornalismo comunitário coloca o local em primeiro lugar, a comunidade é o ponto que interessa. Além disso, trata sobre os principais assuntos que impactam na vida do cidadão, pautando os anseios das pessoas e veiculando as reivindicações da sociedade. O jornal local vai muito além de um serviço de informação à população, pois o jornalismo comunitário, conforme feito pelo Ibiá nesses 40 anos, contribui para o fortalecimento de questões sociais, culturais, econômicas e políticas de Montenegro e região.

Já para estudantes de jornalismo, como foi o meu caso, o Jornal Ibiá é e foi uma escola, um laboratório de prática jornalística. Penso que todo estudante de jornalismo deve ter a experiência de trabalho em um jornal local, comunitário, pois é nele onde se aprende o verdadeiro fazer jornalístico, a vivência da prática do jornalismo cidadão.
Finalizo este texto com os dados da última edição do Atlas da Notícia, publicado em 2022. O atlas é o maior e mais completo levantamento sobre a presença do jornalismo local no país. De acordo com os dados mais recentes, 29,3 milhões de pessoas permanecem sem acesso a informações jornalísticas locais, isso é, 13,8% da população brasileira. Conforme os últimos dados divulgados no ano passado, 2.968 cidades brasileiras ainda são consideradas desertos de notícias, ou seja, metade dos municípios do país.

Isto posto, reafirmo que ter o Jornal Ibiá em nossa região é motivo de orgulho, pois há quatro décadas nos mantém informados sobre os principais fatos locais e externos que interessam a cada um de nós. Equipe do Ibiá, parabéns pelo relevante trabalho prestado diariamente.

Últimas Notícias

Destaques