Estilo Vivi?

Bem sabemos que desde sua ascensão na cultura popular brasileira, na década de 1970, a mídia televisiva voltou suas atenções ao fenômeno que se tornou a maior vitrine de moda do País a partir de então: a novela. O desenvolvimento desta mídia eletrônica poderosa, de grande penetração e de imagens pós modernas, mudou a difusão de moda e redefiniu a sua democratização. A partir daí, vários espaços para a moda foram abertos e suas personagens se tornaram a grande inspiração diária de estilo e inovação ao vestir. Quem nunca quis vestir os trajes, se apropriar do estilo ou do corte de cabelo de alguma personagem de novela? Eu já, e você?

Com a virada do século XX para o século XXI, a rapidez, a performance e a flexibilidade, segundo o estudioso francês Gilles Lipovetsky, adjetivos que ajudam a definir os anos 2000, quando a moda e consumo provocam interesses e paixões como nunca antes, as mídias e a moda solidificaram sua união também através das plataformas de compartilhamento via Internet. E é neste lugar- novela das 21h da TV Globo “A Dona do Pedaço” e plataformas digitais – que se encontra a personagem Vivi Guedes (Paolla Oliveira), retrato desse enlace contemporâneo. Desde o início da novela, ela já alcançava milhões de seguidores no “seu” Instagram repleto de fotos bem produzidas, sonho da maioria das suas “seguimoras” – seguidoras amadas.

Como boa “noveleira”, confesso que esperava mais. Todos os dias, ao assistir à novela, fico atenta às visualidades da Vivi, e nada me anima nem me comove. Tudo monocromático, fluorescente, com texturas estranhas, vinílicas, e justo demais, com proporções que a atriz, mesmo lindíssima, não “segura”, não se apropria, parece que está é aflita para tirar todo aquele figurino. Fui investigar: será que o problema sou eu? Ao questionar algumas amigas bem focadas no estilo “última moda”, para minha surpresa, as opiniões convergiram, com respostas do tipo: não usaria nada daquilo, prefiro ainda o “brega alegre” com estampas ao estilo Versace da Maria da Paz (Juliana Paes).

A filósofa Márcia Tiburi, no excelente livro Ridículo Político (2017), afirma que “a ideia é melhor vendida por meio de conceitos que podemos possuir ou queremos possuir, o design garante isso. O que se chamava ‘arte pela arte’ agora se chama ‘design pelo design’”. E é essa dicotomia que percebo ao observar, como estudiosa do campo das artes e da moda, assistindo à novela, que assim como a moda, está no ar. Só lamento não me sentir inspirada. Ah que saudade da Milena (Carolina Ferraz) em Por Amor (1997). Ainda bem que está sendo reprisada, e que a moda nos permite boas reprises de vez em quando!

O Vestir e a Cidade:
No Baile da Primavera do Clube Riograndense, os casais Archimedes e Arlete Mendel da Silva, Norberto Silveira, o Beto, e Beatriz Schuster, em 1989. Colaboração da amiga Jussara Lothammer. Dedicamos essa edição ao querido Tio Archi, que nos deixou na última semana. Todo o nosso carinho à grande família.

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