Um espaço vago na família

Em meio a esta pandemia, você está protegendo ainda mais as crianças de sua família, certo? Está preocupado que elas tenham cama quentinha, alimentação, educação e entretenimento, sempre respeitando o distanciamento social. Só que milhares de crianças e adolescentes brasileiros não têm uma família para preocupar-se com elas e dependem inteiramente do Estado para lhes oferecer o básico. Não deveria ser assim. Para trazer este assunto à discussão, nesta segunda-feira, 25, o Brasil celebrou o Dia Nacional da Adoção.

Foi uma celebração diferente, como tudo tem sido nos últimos três meses. Desta vez não houve eventos públicos. Neste ano a imprensa não realizou extensas reportagens, dentro de abrigos, no intuito de comover seu coração. Mas, ainda assim, neste maio de 2020, falar sobre adoção segue sendo uma necessidade. Segundo dados do Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento, do Conselho Nacional da Justiça (CNJ), das 33.840 crianças e adolescentes em abrigos no país, 5.059 estão aptos à adoção, sendo que 2.726 já iniciaram o processo. Há também, segundo dados da mesma fonte, 36.437 pessoas cadastradas que manifestaram interesse em adotar uma criança.

Só que a faixa etária da maior parte (83% delas têm acima de 10 anos) não combina com o desejo dos possíveis pais, já que apenas 2,7% dos pretendentes a adotar aceitam crianças nesta faixa de idade. A maioria das pessoas que se dispõem a adotar uma criança quer que ela tenha até cinco anos. Também há preferência por cor da pele, além de que a criança não tenha nenhuma doença. A verdade é que alcançar a perfeição deste perfil de “filho ideal” é difícil. E os abrigos seguem lotados de crianças com mais de cinco anos, negras e/ou com alguma deficiência. E estas também merecem pais que lhe amem e acolham como são.

Sem poder fazer eventos presenciais, o Conselho Nacional de Justiça organizou ações online. Através de uma mobilização pelo Twitter e contando com a participação de artistas buscaram conscientizar sobre algo óbvio: amor não escolhe idade nem cor de pele. A hastag #AdotarÉAmor marcou a campanha que, esperamos, tenha despertado nos cidadãos o desejo de abrir as portas do seu coração e de sua casa para um filho que pode não ter as mesmas características físicas, mas poderá levar para a vida os ensinamentos oferecidos naquele lar. Há inúmeros casos que comprovam o quanto os laços de amor poder ser tão ou mais fortes que os genéticos. Será que a sua família não tem um espaço sobrando no sofá, na mesa de jantar…e, principalmente, no coração?

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