A água está mais limpa em Veneza, na Itália, e o céu mais azul em São Paulo. Em meio à pandemia de coronavírus, a impressão que se tem é a de que a redução da atividade humana, provocada pelas políticas de isolamento, faz bem ao planeta. De fato, o homem é um predador e diariamente suas ações produzem efeitos nocivos, que agora são minimizados. Tanto que está sobrando petróleo porque há menos veículos em circulação e as empresas americanas já não têm condições de estocá-lo. Sinal dos tempos. Contudo, engana-se quem pensa que só existem efeitos positivos. A Covid-19 é, também, uma multinacional de problemas ambientais.
A necessidade de se proteger do vírus multiplicou, de forma exponencial, a geração de resíduos de saúde e domiciliares. A população, por estar em casa, consome mais, produzindo maior quantidade de lixo. Boa parte dos municípios não possui coleta seletiva e, mesmo em Montenegro, ela existe muito mais no papel do que na prática. Além disso, como muitos infectados estão realizando o tratamento em casa, os resíduos gerados por eles podem estar infectados pelo coronavírus e devem receber tratamento adequado antes do descarte. Isso nem sempre ocorre.
Na verdade, além de se proteger da doença, evitando a circulação desnecessária, precisamos estar conscientes do nosso compromisso ambiental. É importante que o lixo, especialmente o gerado pelas vítimas da doença e seus familiares, seja acondicionado e destinado de maneira segura e ambientalmente correta para evitar os impactos sobre a natureza. Estes materiais devem ser colocados em sacos impermeáveis, de material resistente à ruptura e a vazamentos, com identificação do que existe em seu interior. Máscaras, lenços de papel, guardanapos e outros itens não podem ser misturados com aquilo que o lixeiro leva para triagem.
A pandemia também provocou um uso muito maior de álcool gel, cujas embalagens plásticas são tão ou mais poluentes que as de refrigerantes e outras bebidas. O certo é encaminhá-las para reciclagem. Também não se pode esquecer que o uso da água, embora fundamental para a higiene pessoal e dos ambientes, deve ser feito com moderação. Especialmente em nossa região, onde a estiagem ameaça o Rio Caí e pode levar ao desabastecimento em breve.