O que a palavra “eletiva” significa para você? O Sistema Único de Saúde parece encarar como algo menos importante. Não é. As cirurgias eletivas são aquelas sem urgência, agendadas com antecedência. Hoje, no país, pelo menos 904 mil esperam por uma cirurgia eletiva. Os dados são resultado de levantamento inédito, realizado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). Ele se baseou em números das secretarias da Saúde dos Estados e das capitais.
Desses casos, 83% entraram na lista de espera em 2016 e há inacreditáveis 746 casos que aguardam há 10 anos na fila. Em maioria, são casos de catarata, hérnia, vesícula, amígdalas, adenóide e cirurgias ortopédicas. O “eletivo”, para as pessoas dessa fila, significa ver a vida ou permanecer na escuridão. É a diferença entre ter qualidade de vida ou sofrer de dores crônicas. Pode até não ser caso de vida ou morte, mas são sim situações que mudam a existência de qualquer um.
Há quem ao ler esse editorial possa pensar: mas se não há atendimento adequado às urgências, vai ter para o que é eletivo?! Sim, tem que ter. Para o que é emergencial e, também, para o que é agendado. Porque o brasileiro paga impostos e saúde pública é, segundo a Constituição brasileira, um direito de todo o cidadão e dever do Estado. Não é normal esperar uma década por um procedimento cirúrgico e o povo tem o direito de se revoltar contra isso. Saúde é sempre uma prioridade.