Bastou o bate-papo do Estúdio Ibiá dessa quarta-feira, 1º de dezembro, a respeito da Penitenciária Estadual Modulada Agente Jair Fiorin, entrar no ar para que ouvintes e internautas manifestassem seu desejo de que a superlotação na casa prisional prossiga e as condições lá dentro piorem. Isso, sabemos, é reflexo das péssimas condições de vida das pessoas aqui fora. As famílias estão cada dia mais insatisfeitas. O resultado? Entende-se que a vida privada de liberdade deve ser ainda pior. Se a Modulada já tem o dobro de pessoas que sua capacidade, qual o problema? Coloquem mais. Se as condições são ruins, que piorem.
E assim, vamos tornando os lugares – e as pessoas – piores a cada dia. Mas há um detalhe a considerar. As paredes e aço das grades lá ficarão, mas, os detentos e detentas sairão. Isso é o que esquecemos ou fingimos não lembrar. Ressocialização é mais do que uma palavra bonita. Ela importa sim aos presos e às suas famílias, afinal, o apenado tem de pagar pelo seu crime, mas, também tem o direito de fazê-lo em situação digna. A pena é de privação de liberdade. E apenas isso. Mas vai muito além disso.
Ressocializar é necessário para reduzir a reincidência de crimes e o avanço da gravidade destes. Não podemos aceitar como “normal” que um jovem vá para a cadeia por portar alguns cigarros de maconha e saia de lá aliciado por uma quadrilha que explode caixas eletrônicos. Quando jogamos alguém na cadeia e não lhe damos condições de sair melhor dela, o crime organizado o acolhe das mais tentadoras formas. E é a sociedade que sai perdendo.
Conforme foi destacado por convidados do Estúdio, sim, o maior dos investimentos tem de ser na educação. Precisamos de escolas de primeiro mundo para que no futuro os presídios sejam desnecessários. Mas, enquanto a criminalidade é crescente, investimento na construção e na manutenção destes lugares são essenciais. Qualquer ação diferente é hipocrisia de uma sociedade que prefere tirar um problema da vista, mesmo sabendo que ele está lá e vai voltar-se contra ela logo logo.