O povo gaúcho é historicamente arraigado às tradições. Temos orgulho do nosso chão, da nossa gente, da nossa cultura e tradições. Talvez por isso os CTG’s, Centro de Tradição Gaúcha, sejam tão especiais e carreguem tamanho prestígio junto à comunidade. Nesta edição, rendemos homenagens a uma instituição em especial, o Estância do Montenegro, que completa 60 anos no próximo sábado, dia 28.
Uma entidade fundada num momento em que a cidade não tinha nenhum CTG em funcionamento, o que eleva sua importância por tornar-se, naquele instante, local de manutenção e fomentação da cultura gaúcha. Hoje nos parece impensável Montenegro, a Cidade das Artes, não ter um CTG – atualmente são quatro com parte artística – que lhe ofereça orgulho com lindas apresentações em eventos e prêmios recebidos. Mas, quando o fundador, Flávio Patrício de Oliveira Vargas, reuniu amigos com a proposta de abertura de um CTG em solo montenegrino, esta era a realidade.
Os vínculos entre a comunidade e uma entidade de cunho artístico e cultural surgem e se fortalecem através da interação. Em suas seis décadas, muitas famílias passaram pelo Estância do Montenegro. Certamente, algumas lá se formaram. É, muitas vezes, na invernada Mirim que os pequenos se encantam pelas pilchas e coreografias, e ingressam no CTG para descobrir um local onde a tradição é valorizada. Lá formam laços de amizade e constroem vínculos para toda a vida.
Os CTGs, como tantas outras instituições, sofreram grande impacto durante a pandemia de Covid-19. Ainda lidam com o afastamento do público, a falta de eventos – quem forneciam recursos à manutenção da casa – e o natural afastamento das pessoas que fazem uma entidade, na prática, acontecer. Agora, que já vemos uma luz no fim do túnel, é claro que o Estância do Montenegro e os demais CTG’s irão se reerguer. Porque têm força para isso. A força do gaúcho em defender a sua história e cultura. Renascerão invernadas, eventos campeiros e surgirão novas lideranças. Se o início do Estância foi difícil, conforme narra Flávio Patrício Vargas, mas trouxe décadas de intensa atividade em prol da cultura gaúcha, não serão dois anos atípicos que imporão afastamentos permanentes.