Portas fechadas

Quem afirma terem os serviços digitais substituído os presenciais com total acerto, sem dúvida, não costuma fazer, por exemplo, nenhum serviço bancário além dos mais básicos. Isso apenas para dar um exemplo. Não faltam áreas em que a digitalização ainda carece de aprimoramento, sobretudo quando são atendimentos mais específicos. Se antes uma ida à agência e conversa rápida com gerente resolvia aquela dúvida, agora, haja paciência para agendamentos on-line. Isso sem considerar, ainda, dificuldades de acesso e questões particulares no uso da tecnologia.

É por situações como essa que incomoda a população montenegrina a notícia de que a agência da Receita Estadual (RE) de Montenegro, em princípio fechada pela pandemia, não mais reabrirá. É verdade que uma parte da população nunca precisou ir ao local – a repartição funcionava no prédio do Banrisul – e sequer sabia de sua existência. Para outros, no entanto, ter uma unidade da Receita Estadual no município representava uma imensa economia de tempo. Os empreendedores tendem a ser os mais prejudicados já que, em geral por meio de representantes da classe contábil, utilizavam-se da unidade presencial para entregar documentos ou encaminhar demandas de forma mais rápida que num atendimento virtual. E é bom lembrar que a agência atendia a Montenegro e outras 14 cidades da região. Agora, todos esses contribuintes, em caso de necessidade, precisam recorrer à agência de Novo Hamburgo.

É claro que há uma série de argumentos sobre o que levou à extinção da unidade montenegrina. O Estado fala em, além de ampliar o atendimento on-line, ter economia de recursos e melhor utilização dos colaboradores, entre outras questões. Cita que, ao todo, foram fechadas 26 unidades da Receita no Estado e com isso se obteve uma economia de dinheiro público na casa dos R$ 2 milhões. Toda economia, em tempos de escassez, vai bem. Porém, o golpe doeu na cidade. O fato é que, assim, deixamos de ser referência regional para a prestação de um serviço e que, em muitos casos, o cidadão terá de ir ao Vale do Sinos para realizar o que precisa em tempo hábil.

Talvez, não valha “chorar o leite derramado”, mas é bom ficar de olho em mudanças em outras áreas. Afinal, anos atrás, sinais sobre o fechamento da RE foram dados. Porém, não receberam a devida atenção. A pandemia, aparentemente, acelerou o processo. É aconselhável manter-se atento para não ver o filme se repetir.

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