Que a classe política está longe de conseguir atender as expectativas da polução não é segredo. Isso explica os índices de reeleição estarem em queda. Percebe-se, inclusive, certa repulsa ao trabalho político, como se um jovem que manifesta o interesse merecesse críticas por seu idealismo. A política está nas relações em sociedade. Ninguém vive o tempo todo sozinho e as mediações entre desejos individuais e as necessidades coletivas têm tudo a ver com política. Por isso, se a gente não gosta dos atuais representantes do povo – e alguns merecem o descrédito – cabe votar melhor. E incentivar as pessoas honestas e capacitadas a participar da política.
O fomento ao interesse pelas pautas políticas e o incentivo para que os cidadãos sejam participantes ativos na sociedade pode já ocorrer na infância. É o que prevê o projeto Câmara Mirim, realizado em Montenegro e também em Brochier. A edição montenegrina deste ano está comemorando participação recorde. São 36 crianças candidatos, representando 10 escolas. Destes, 10 serão eleitas. Independente de quem estará entre os escolhidos e quem ficará de fora, todos esses jovens terão grandes lições. Entender como funciona um pleito, como os mais diversos temas são debatidos e como as leis são elaboradas é fundamental
Temos a missão de ensinar para as crianças que, em uma sociedade, dificilmente todo mundo concorda, não importando qual assunto está em discussão. Cada um tem sua opinião e, em uma discussão baseada em argumentos e não em ofensas, elas podem tentar fazer os outros mudarem de posição. Isso, porém, não significa obrigá-las a nada já que pessoas civilizadas devem aprender a conviver com a diferença.
Fica a torcida para que não apenas esses 10 escolhidos ou 36 participantes, mas todas as crianças consigam evoluir nesse sentido e, no futuro, tenhamos uma geração capaz de resolver seus problemas sem ter de partir para a ignorância. Coisa que, infelizmente, parecemos ter desaprendido.