Podemos ter esperança

Para alguns desavisados, o título deste editorial pode passar uma ideia de indicação à passividade. Ter esperança em dias melhores no sentido de esperar de braços cruzados por um tempo melhor. Nada disso. Podemos ter esperança em dias melhores justamente porque eles não dependem de nada que não esteja em nossas próprias mãos gerar. É do trabalho árduo dos cientistas e pesquisadores que virá – para alguns ingleses já veio – a vacina da Covid-19. Pesquisa, produz, testa, volta pra pesquisa, testa novamente. Num ciclo que, diante da nossa pressa, parece interminável. Mas não é. Está no fim, logo logo estaremos imunizados. E, ali na frente, teremos de nos esforçar para lembrar-se de valorizar o trabalho de quem se esforçou muito na produção destas vacinas.

Nem sempre oferecemos o devido respeito aos pesquisadores deste país. São profissionais que atuam nas mais diversas áreas no intuito de que elas ofereçam melhores resultados. Da tecnologia à produção agrícola. Da saúde à pecuária. Do meio ambiente à geologia. Da comunicação à química. Da pecuária à astronomia. Tudo envolve pesquisa. E é apenas por isso que somos capazes de evoluir, de ir além e sempre almejar algo mais. É fácil bater palmas para quem está na glória de uma grande descoberta. Difícil é oferecer apoio durante o caminho. Pergunte aos nossos pesquisadores se e como estão recebendo apoio, seja do governo federal ou de entidades privadas, e você entenderá a razão de grande parte das nossas mazelas enquanto sociedade persistirem.

Pessoas interessadas em pesquisar nós temos. Prova disso está estampada na edição de hoje do Ibiá. Jovens pesquisadores da nossa região se destacando na Mostratec. A 35ª Mostra Internacional de Ciência e Tecnologia, nesta edição um evento virtual, contou com 237 trabalhos, três foram desenvolvidos por pesquisadores do Vale do Caí. A poluição hídrica e do solo é tema do trabalho de estudantes da Escola Estadual Técnica São João Batista, de Montenegro. O destino de resíduos eletrônicos é a área de estudo de três estudantes do Colégio Estadual de Tupandi. Outra jovem, da mesma escola, aborda a saúde mental em sua pesquisa. O evento está reunindo trabalhos de estudantes de 18 estados brasileiros e projetos de 12 países voltados para as áreas científicas e tecnológicas.

Estes estudantes, e outros tantos, merecem aplausos. Mas, mais do que isso, merecem apoios concretos. Somente oferecendo aos nossos talentos condições para se desenvolverem é que, no futuro, poderemos nos orgulhar de ter uma geração de cientistas de destaque no cenário mundial. Isso significa escolas e universidades com laboratórios adequados, educadores capacitados e equipamentos atualizados. Isto significa bolsas de estudo concedidas e mantidas sem que o medo seja companheiro constante do pesquisador e que, assim, ele tenha tempo para se dedicar à área de estudo. Não se faz ciência de uma hora para outra nem sem investimento. Hoje nós percebemos muito bem o valor da pesquisa e da ciência. Tomara que amanhã nós não tenhamos, mais uma vez, esquecido.

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