Este sábado, 31, marca para Montenegro um “aniversário” que ninguém deseja comemorar. Era uma sexta-feira chuvosa, de céu pesado, que já parecia indicar que aquele dia marcaria o agosto de 2018 com um grande desgosto. Parte do cais do Porto das Laranjeiras veio abaixo e o banco – que tantas vezes recebeu moradores de Montenegro para tomar mate ou comer pipoca enquanto o sol ia caindo e anunciando o fim de mais um dia – virou um ponto colorido misturado a pedras e cimento quebrado.
Gigante em importância e em beleza, o Cais das Laranjeiras também tem se mostrado um grande problema. Enquanto uma parte recebe verba para embelezamento, outras desabam e precisam de uma ação ágil por questões que vão além da beleza e alcançam a segurança das pessoas, o trânsito no local e ameaçam a circulação de público em estabelecimentos comercias que dependem disso para se manter em funcionamento.
O Porto das Laranjeiras é importante por sua história, não sem causa é tombado como Patrimônio Histórico municipal. Somente por isso merecia mais recursos e, sobretudo, mais respeito. Quando se faz qualquer intervenção em um local com tamanha importância, deve-se tomar todas as precauções para garantir que a estrutura seja preservada e as marcas do tempo não se apaguem.
Segundo o Movimento do Patrimônio Histórico de Montenegro, não foi o que aconteceu no passado, quando a retirada da vegetação causou o primeiro desabamento, ainda em 2014, e nem o que ocorre hoje, quando são feitos reparos no trecho que desabou próximo da câmara, sem um projeto adequado, que considere as questões históricas.
Vivemos um momento em que a cultura e a história são muito desvalorizadas no Brasil. Da forma como deviam, aliás, elas jamais foram tratadas. Mas hoje isso se agravou. Talvez a falta de recursos públicos seja, ao menos em parte, uma explicação. Preservar custa dinheiro. Mas o outro lado é que, não se vê por que preservar. A razão deste investimento não é percebida. E esta afirmação não diz respeito a este ou aquele administrador público, refere-se à sociedade em geral.
Reclama-se de ter uma rua interditada. É ruim não poder estacionar em determinado trecho do cais. Tudo isso gera justa revolta. Mas quantas pessoas estão preocupadas com o Cais, considerando as questões históricas? Poucas. Infelizmente. E deveríamos pensar a respeito disso.