É cansativo. É como voltar no tempo. Às vezes, é sofrido. Mas erga as mãos ao céu e agradeça quem tem pais para cuidar. É esse o tema abordado nas páginas 6 e 7 da edição de hoje. Todos querem envelhecer com autonomia, tendo corpo e mente saudáveis. Mas nem sempre isso é possível. Às vezes, o corpo perde a força. Em outros casos, apesar das pernas firmes, as lembranças parecem apagar-se pouco a pouco. Nesses casos, cuidados e companhia se fazem necessários. Quando vêm através da mão de um filho, melhor.
Cuidar de seus antepassados é uma tendência crescente na sociedade, fruto da longevidade, que permite aos filhos terem os pais por mais tempo, mas, ao custo de vê-los exigir atenção quase infantil. Cuidar de idosos é voltar no passado e lembrar-se de quando os papéis eram inversos. Trata-se também de exercer a solidariedade e retribuir a atenção recebida. É, ainda, o interessante exercício de antecipar o futuro. Pois a menos que se objetive uma passagem curta pela terra, é bom pensar que a velhice um dia chegará.
Uma das formas de se medir o quanto uma sociedade é evoluída está em olhar para a forma como ela trata seus idosos. Se eles estiverem excluídos, desvalorizados ou desrespeitados, temos um claro sinal de que não evoluímos como pessoas. Um cidadão de verdade cuida do que é sua origem e sua continuação. A construção da história da geração atual, na chamada “idade produtiva”, baseia-se no aprendizado obtido com os idosos, se souberem ouvir e tiverem a grandeza de receber seu conhecimento. Cuidar de um antepassado não é bondade. É seguir o curso da vida com respeito ao que se passou e com esperança por um futuro digno para si próprio e para os outros.