Os ajustes feitos em função da pandemia de Covid-19 pelas empresas e prestadores de serviço não podem, de forma alguma, prejudicar a população. Trazemos na edição de hoje matéria a respeito do corte da prestação de serviço de água para moradores de Montenegro. Ao que tudo indica, o problema teve início porque, num ajuste feito na pandemia, em março, a Corsan não realizou a leitura das contas de água dos consumidores. Esses teriam que pagar um valor médio, sendo que a fatura era para chegar às casas dos moradores pelos Correios. Mas muitos relatam não ter chegado. Assim como os avisos de corte também não. E então o serviço foi cortado.
Que num mês crítico da pandemia a empresa tenha optado por não fazer a medição e cobrar por média, é aceitável. Estávamos com os hospitais no limite e precisávamos reduzir a circulação de pessoas. O que não pode é prejudicar a população. É preciso lembrar que cada cidadão é responsável pelas suas contas. Ou seja, se determinado boleto não chegou, é responsabilidade do devedor ir atrás para saber o que aconteceu. E isso deve ser feito por canais on-line ou presenciais. Mas, até por bom-senso, é compreensível que em tempos financeiros tão difíceis, parte da população não se preocupe com a conta que não chegou, enquanto se esforça para quitar as que se acumulam. E o aviso do corte chegar 15 dias depois de já não existir água saindo da torneira é inadmissível.
Apesar de a Corsan afirmar que o número de cortes é “normal”, os dados indicam o oposto. Se, em abril foram 105 cortes, em maio 527 e em junho 326, tivemos, claramente, razões além do desejo de pagar ou não que influenciaram na não quitação. O melhor seria reconhecer que houve um problema e garantir que ele não se repita.