Meio século de luta

Cinquenta anos atrás, Maria Eunice Muller Kautzmann mudou o mundo de muitos, mesmo que há cinco décadas ela não soubesse disso ainda. Em agosto de 1971 Maria Eunice, mãe de uma criança com Síndrome de Down, fundou em uma das salas de aula da Escola Delfina Dias Ferraz, a Apae Montenegro. Hoje a instituição atende dezenas de estudantes e, através de profissionais qualificados, muda a vida de cada um deles ao lhes oferecer oportunidades.

Apae significa Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais. E não é à toa que o nome já faz referência aos pais e aos amigos. Em pleno 2021 as dificuldades que mães e pais de crianças especiais enfrentam ainda são muitas, do preconceito diário até a luta pelo acesso a terapias que são básicas no enfrentamento específico de cada deficiência. Imagine então as dificuldades enfrentadas cinquenta anos atrás. Não devem ter sido poucos os momentos difíceis de Maria Eunice. Mas, foram estes que certamente a motivaram a mudar não apenas a vida do seu filho como a de tantas outras crianças no meio século que se seguiu.

Ao citarmos de Maria Eunice, estamos também lembrando de tantos que colaboraram ou ainda colaboram para que a Apae Montenegro tenha crescido e se mantenha firme em seus propósitos. Estamos falando de uma instituição nacionalmente relevante. Hoje, segundo dados da Federação Nacional das Apaes, a rede apaeana conta com mais de 1.300.000 assistidos, organizadas em mais de 2.200 unidades presentes em todo o território nacional. São prestados atendimentos na área educacional e também clínico. A unidade de Montenegro é financiada com recursos vindos de cinco diferentes leis de incentivo fiscal estadual e federal, mas também por muitas ações da comunidade. Certamente, não foi fácil chegar aos 50 anos. Mas a missão vale o esforço.

Quando falamos da inclusão da pessoa com deficiência, seja ela física ou intelectual, estamos defendendo o direito básico de viver respeitando as próprias características, sejam elas limitações ou favorecimentos. Mas, sempre, com a oportunidade de evoluir. Não para alcançar o outro, mas para dar os próprios passos vencedores em corridas que são individuais. A pessoa com deficiência integra uma sociedade que, em muitos aspectos, não está preparada para lhe oferecer o justo tratamento, mas, sem dúvida, é justamente por termos pessoas tão diferentes entre si que ostentamos a oportunidade de evoluir. Porque, como já disse Carlos Drummond de Andrade, “E cada instante é diferente, e cada homem é diferente, e somos todos iguais.”

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