Falta empatia no pós-enchente

O tratamento dado pelas empresas privadas de serviços essenciais, como de energia elétrica, aos consumidores em momentos de crise, é um reflexo claro de como o lucro pode muitas vezes se sobrepor à responsabilidade social. Em cidades como Montenegro, onde o povo ainda se recupera das devastadoras cheias de maio, o comportamento da RGE Sul, concessionária de energia elétrica que atua em parte do Rio Grande do Sul, tem gerado insatisfação generalizada entre os moradores.

Após o desastre climático deste ano, muitas famílias se viram sem energia por dias, enfrentando dificuldades ainda maiores para manter a vida cotidiana, acumulando dívidas em pleno recomeço. No entanto, o que deveria ser um período de compreensão e apoio, se transformou em um pesadelo financeiro para muitos consumidores. Contas de luz que deveriam ter sido ajustadas pela empresa de forma proporcional à realidade de cada um, vieram com valores exorbitantes e faturas acumuladas dos meses de crise. Soma-se ainda que faltam explicações claras, sem uma transparência a respeito dos motivos desta atitude. A empresa, que busca maximizar lucros, esqueceu de adotar uma postura empática em relação àqueles que mais necessitam.

O papel de empresas prestadoras de serviços essenciais vai além de simples transações comerciais. Em situações como as enfrentadas em Montenegro, elas devem agir com responsabilidade e sensibilidade, oferecendo soluções acessíveis e humanas para os consumidores afetados. Não se trata de “dar um desconto” ou de criar um programa emergencial que pareça uma mera ação de marketing, mas sim de compreender o impacto real na vida dos cidadãos.

O lucro é necessário para que uma empresa privada se sustente, inclusive pagar salários justos; mas este ganho não deve ser obtido à custa do sofrimento da população. Mais do que isso, atitudes mais empáticas podem se traduzir em uma propaganda positiva genuína, que fortalece a imagem da empresa e constrói uma relação de confiança com a comunidade.

As prestadoras de serviços essenciais têm o dever de ser mais humanas e menos insensível quando a população está vivendo o que poderia ser o pior momento de suas vidas. O que se espera, ao final, é que se lembrem de que, por trás de cada conta, há pessoas que estão reconstruindo suas vidas, e merecem ser tratadas com dignidade.

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