Mais um. Foi essa a expressão utilizada por muitos gaúchos hoje para extravasar a sua incredulidade a respeito da morte de um policial no interior de Montenegro. A manhã desta terça-feira começou triste para o Vale do Caí, o Estado e o País. Porque quando morre um agente da lei, que estava prestando seus serviços à sociedade, todos nós morremos um pouco.
O escrivão de polícia Edler Gomes dos Santos, de 54 anos, lotado no Setor de Combate a Crimes de Lavagem de Dinheiro do Denarc, de Porto Alegre – foi morto enquanto atuava numa operação contra o abigeato.
Essa foi a quinta morte de policial em serviço em 2019, a quarta nas últimas três semanas, entre agentes da Polícia Civil e da Brigada Militar. No ano passado tivemos, ainda, uma muito marcante na nossa região, quando, também numa operação, um policial perdeu a vida em Pareci Novo. Diante disso, é impossível não pensar naqueles jovens que estão entrando nas forças policiais ou que atualmente estudam enquanto esperam abrir concurso público da Brigada ou da Civil. Impossível também não lembrar dos pais, irmãos, esposas, maridos e filhos que estas vítimas deixaram e que as próximas baixas deixarão.
Sim, quando eles escolheram essa profissão sabiam que até o final da carreira estariam na mira de criminosos. Mas isso não amaina a dor e, somente por isso, eles já seriam merecedores de aplausos. Só que estas homenagens não deviam vir pela morte. E sim por conquistas e atos heróicos que são rotina na profissão. Nos próximos dias, certamente, Edler Gomes dos Santos será homenageado em atos das polícias por todo o Estado. Atos justos, merecidos e emocionantes. Mas que não devolverão o homem à família, nem o profissional à corporação. E nada parece tirar da mente e do coração dos gaúchos a sensação de que estamos perdendo a luta contra o crime.
Que esse agente da lei descanse em paz e que a sua morte fique marcada como um momento de mudança, porque como está não é possível seguir.