Apesar das várias emancipações que fatiaram o território montenegrino nos anos 80 e 90, levando grande parte das comunidades do interior, a zona rural da cidade-mãe do Vale do Caí ainda é relativamente extensa. Restaram em torno de 600 quilômetros de estradas a manter e isso tem sido uma eterna dor de cabeça a quem depende delas para se locomover ou escoar a produção. No último sábado, inclusive, moradores de Linha Catarina se uniram para, em mutirão, tapar os buracos.
Não é a primeira vez que ocorre. Apesar de grande parte do ICMS que banca as atividades da Prefeitura ter a agropecuária como origem, as comunidades do interior costumam ser vistas como um problema e não como uma galinha dos ovos de ouro a preservar. Se no verão a situação é de calamidade, com até mesmo ônibus escolares atolando nos buracos, no inverno, muitas dessas vias ficam quase intransitáveis. E o pior é que, justamente nessa época, ocorre a colheita da safra de citros.
A partir de maio, grande parte das localidades começa a perceber o aumento no fluxo de caminhões carregados de bergamotas, laranjas e limões. Eles somam-se aos que, durante todo o ano, transportam aves, suínos e ração até as propriedades. A situação é tão grave que os produtores chegam a receber menos por aquilo que vendem em função dos altos custos de manutenção dos transportadores.
A essa dificuldade crônica somam-se outras, tão graves quanto. A maioria das comunidades sequer possui redes de energia trifásica para garantir o funcionamento de câmeras frias, plantas de beneficiamento e outras máquinas. Sinal de internet, então, é privilégio para poucos.
Mesmo assim, o agricultor continua produzindo, talvez por falta de opção. A novidade é que, cada vez mais, ele anda “antenado” e está descobrindo a força que tem. Ano que vem haverá eleições e muitos políticos vão bater em suas portas atrás de votos. Antes de descerem dos carros, é melhor verificar se não há cães soltos nas proximidades. Nessas horas, bom mesmo é poder correr.