Todo ser humano tem como necessidade o lazer, o ocioso criativo e de restauração da saúde física e mental. E isso não é suposição; mas constatação científica. É um direito do cidadão, logo, um dever do Poder Público, que assim cumpre seu papel de administrador, em resposta à contribuição destes habitantes ao coletivo. É, acima de tudo, a preparação hoje dos cidadãos que no futuro assumirão a postura de contribuintes, e até de gestores, mas que hoje já devem ser respeitados. A quadra poliesportiva da Vila Esperança é exemplo capaz de resumir toda essa teoria.
O espaço de lazer e esporte não é um presente àquela comunidade periférica. Ele sempre foi deles, mesmo não existindo fisicamente, mas garantido através de todas as leis possíveis de citar que fazem alusão ao direito ao lazer. E em especial as crianças e os adolescentes do bairro têm agora acesso àquilo que de fato é seu, podendo exercer de forma mais segura e organizada sua interação social e a prática de esportes. As famílias poderão usufruir do seu local de relaxamento e encontro, antes negado pela simples falta de interesse de quem tem o compromisso de administrar em favor do povo.
O tempo de espera, de desencontros, de desilusões que caracterizaram o lapso de tempo entre o início do projeto até “corte da fita” no último sábado revelam como o direito dos cidadãos é suplantado. Uma batalha contra gigantes que é repetida com o acesso à Educação e à Saúde públicas. E nunca devemos esquecer que também foi a Vila Esperança que ficou três anos a espera da reabertura – com reforma – de seu posto de saúde. Nada mais do que o local de socorro e prevenção aos moradores. O acesso ao esporte, ao brincar, contribui de forma significativa na construção do caráter do ser humano. Ao ver seu direito garantido, ao ter acesso a um espaço novo e bem estruturado, a autoestima do jovem é elevada. Ela se reconhece como um montenegrino. Ele se vê como um sujeito em meio ao coletivo. A menina e o menino são invadidos pelo sentimento de conquista, descobrindo o dever de lutar pelos direitos e cobrar os deveres de sua gente.
E são esses os cidadãos que precisamos para construir uma Nação coesa, elevados pelo sentimento de pertencimento à responsabilidade de trabalhar pelo bem comum. Na quadra poliesportiva da Vila Esperança deverão nascer atletas, doutores e líderes, sobretudo moldados pelo exercício da cidadania como instrumento de desenvolvimento.