A tragédia climática que se abate sobre o Rio Grande do Sul sugere inúmeras reflexões. Não há como fugir daquela a respeito das mudanças radicais que observamos nos últimos anos, hora alternado estiagem com estresse hídrico e, em outra, enfrentando ciclones extratropicais ou as chamadas ‘explosões’ com ventos devastadores em áreas limitadas. Em tempo, assinale-se que os episódios extremos são registrados em todo o planeta. O cenário indica que é hora de aceitarmos o quanto nossos atos, individuais e coletivos, têm afetado o Meio Ambiente. Pondere-se também que qualquer mudança de postura neste sentido está extremamente distante de ser adotada, seja por irreversível dependência dos meios e ações, ou porque interesses financeiros de cifras bilionárias estão em jogo.
Então, o que resta neste momento para nós, riograndenses, é adotar a postura fraternal de estender as mãos aos irmãos que sofrem com dor imensa. Montenegrinos e caienses são novamente flagelados, todavia, deixam suas casas com a certeza que lá estarão ao retornar, no máximo, alguns dias depois, assim que o Rio Caí tiver deixado a várzea que sempre lhe pertenceu. Já o fenômeno que varreu o Vale do Taquari e parte da Serra está muito além de nossas experiências.
As comunidades foram devastadas de uma maneira que a retomada será uma missão árdua, mas não impossível, especialmente pela certeza de que podem contar com a solidariedade. Orgulha ver as mobilizações acontecendo por todos os lados, especialmente por iniciativa daquelas comunidades que não foram afetadas por este ciclone. Mesmo aqui no Vale do Caí, que lida com sua terceira enchente de 2023, o amor fraterno direcionado a Muçum e Roca Sales aflorou com poder.
Resta esperança na humanidade! Especialmente ao constatar que prevalece a característica que representa essa condição e que nos diferencia dos animais. Ainda sabemos sentir a dor do outro, nos colocar em seu lugar, pensar nele como semelhante. Ninguém é nada sozinho, e a fraternidade é a condição que nos aproxima. Por fim, lembraremos deste episódio pelo seu lado humano, e a recordação a respeito de sacrifício deverá ser personificada pelo nome de Leonardo Nunes Calsing. Jamais nos esqueceremos de teus exemplos, irmão!