Nos últimos dias, um assunto tomou conta da cidade. Nas famílias com crianças só se fala na incerteza sobre a retomada das aulas. Se a volta às classes escolares ainda não está definida – podendo começar com encontros apenas virtuais ou de forma híbrida – o que os pais têm absoluta certeza é que o ano de 2020 não foi aproveitado a contento, pelo menos no que diz respeito à rede pública. Como todo educador bem sabe, cada criança tem seu ritmo de aprendizado, suas próprias características e dificuldades. E esperar que, através de uma tela, o professor identifique e sane todas as demandas era realmente improvável. A realidade, dura de encarar, que é muitos pais, sem condições de ajudar os filhos no estudo remoto, assistiram a esse ano letivo passar sem deixar nada ou quase de conhecimento às crianças.
Na manhã de hoje, 3, a prefeitura de Montenegro anunciará suas decisões a respeito do ano letivo. O mais provável é que acompanhe o Estado numa tentativa de retomada que permita às crianças voltar ao ensino presencial mesmo que intercalando com atividades pelo computador. Seja qual for a decisão tomada, a Administração Municipal terá críticas de parte da população. Isso ficou evidente na enquete realizada pelo Ibiá, que demonstrou o quanto a população está dividida sobre o tema. E isso, é natural. Afinal, os dois lados estão certos. Os pais têm o dever de zelar pela saúde dos filhos e, por isso, não querem expor os jovens ao vírus. Porém, se preocupam com o impacto disso na vida escolar e na estrutura psicológica das crianças. Ninguém, nem mesmo os especialistas em educação, sabem com exatidão o preço que essa geração pagará por ter ficado um ano sem escola.
De alguma forma, teremos de encontrar equilíbrio nestes dois desejos e, mais do que isso, compensar o que foi perdido. Assim como os comerciantes se programam pra tentar recuperar o prejuízo das vendas, as escolas terão de recuperar aprendizado. E, por aprendizado, não entenda nota nem carga horária. É conhecimento. É conteúdo. É estudo. Coisas que não podemos tomar destas crianças porque lhes farão falta. É preciso iniciar as aulas. Sem aglomeração. Com equipamentos de proteção. Sem contato físico. Com muito cuidado. Mas o fato é que é preciso. E, acima de tudo. É necessário programar a vacinação das crianças para que, assim que tivermos uma vacina segura e testada para eles, esse processo ocorra rápido e sem transtornos. Só com a imunização tudo poderá ser retomado.
Mas um alerta é necessário: escola não é depósito de criança. Elas vão para aprender e não para dar descanso aos pais. Então, neste momento, a questão principal não é o tempo que ficarão no colégio, mas sim a qualidade do ensino oferecido.