Desprezo pela vida

Desde que a pandemia do novo coronavírus se tornou uma realidade para os brasileiros, a discussão sobre permanecer em casa ou continuar saindo e fechar ou abrir o comércio se tornou fonte de conflitos e estopim para a explosão de inimizades. De um lado, os que temem a doença e defendem o isolamento. De outro, aqueles que a negam e acreditam que a Economia não pode parar. Cinco meses depois das primeiras mortes, essa briga perdeu o sentido. Tirando aposentados, servidores públicos e a elite rica, os demais precisam fazer a dura escolha entre trabalhar ou passar fome. Por mais bem intencionado que seja, o auxílio emergencial de R$ 600,00 do governo federal não supre integralmente as necessidades das famílias.

A abertura cautelosa do comércio, bem depois das indústrias, dos salões de beleza e até das competições esportivas, virou uma questão de sobrevivência. Cabe-nos agora encarar esta realidade e fazer o que está ao nosso alcance, mesmo em “movimento”, para impedir que o vírus se espalhe ainda mais. E é neste contexto que o uso das máscaras adquire ainda maior importância. Se queremos as lojas abertas – por comodidade ou necessidade – é justo que cada um colabore para que isso não agrave os efeitos da pandemia.

Infelizmente, a falta de solidariedade e de bom senso de uma parcela significativa da população sinaliza na direção oposta. Basta sair às ruas para testemunhar um grande número de populares vagando sem este importante “equipamento de proteção”. Ou porque “incomoda”, ou porque “esqueceram” ou porque simplesmente não querem usar. Que estejam dispostos a aspirar o vírus e se contaminar, até se entende, apesar da ignorância que isso representa. O problema é que essa turma pode estar doente, sem os sintomas, espalhando o coronavírus entre os que não querem morrer.

A situação é tão grave – e ridícula – que alguns municípios estão criando leis para multar os irresponsáveis em valores que podem chegar a R$ 200,00. Em nome da saúde pública, ou seja, de TODOS, a medida acaba sendo bem-vinda. É como os controladores de velocidade: só têm problema com eles os que gostam de pisar fundo e burlar a lei. A verdade é que as máscaras são, comprovadamente, um método eficaz de combate à doença. Se existe esta alternativa e alguém não quer participar do esforço, que fique em casa ou pague pelo seu desprezo à vida.

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