Danos de um palco vazio

Ostentar um título como Cidade das Artes exige esforço para justificá-lo. Caso contrário, se transforma em mera frase sem sentido, pendurada em estandarte de um “faz de conta”. Este editorial não irá tocar na notícia triste de saída do campus de Artes da Uergs; aceitando que esta é uma decisão que fugiu completamente da vontade do Município. Em novembro de 2022 o problema – continua sendo – o fechamento do Teatro Roberto Atayde Cardona.

Principal e maior palco do Centro Cultural de Montenegro, suas luzes desligadas deixam toda a comunidade no escuro. Uma escuridão de arte, de lazer, de conhecimento e de qualidade de vida. Se estão saindo no prejuízo os talentos locais, que precisam procurar outro tablado para se expressar; fica ainda mais prejudicada a comunidade. Há uma lógica em querer apresentar seu trabalho ao seu povo, seja como retribuição, seja com luz para despertar novas vocações. E é da mesma forma lógico querer que suas qualidades locais brilhem primeiro aqui.

Será possível calcular nossas perdas? Quanto de arte e conhecimento nacional deixou de dividir sua experiência com Montenegro? É uma necessidade, e não um sonho de verão, ver “o Cardona” reaberto e lotado; com o cênico e o lúdico retornando ao seu lugar.

No que tange o prático, já passou a hora do atual governo encontrar uma forma de nos devolver o palco. Sugestões nem sempre são eficientes, pois podem surgir impregnadas de “achismo”, incorrer em erros legais, e simplificar o método com base na iniciativa privada. Todavia, não se pode ignorar o fato que nenhuma alternativa foi, sequer, ventilada. As boas relações e o protagonismo de Montenegro abriram portas para que a estação de trem, bem menos estruturada e há muito mais tempo abandonada, fosse re-entregue ao povo. Um capítulo de nossa história que confirma a capacidade de conquistarmos uma parceira público-privada para realizar obras espetaculares, sem precisar abrir os quase escassos cofres públicos em detrimento de outras prioridades.

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