Daqui a exato um ano a contar deste sábado, dia 28, o Brasil terá eleito o novo presidente da República. O cenário atual admite as mais variadas possibilidades quanto ao vencedor do processo. É possível até a consagração de um candidato sem nenhuma tradição política. O brasileiro nunca se viu num tão agudo quadro de desesperança. Há uma histórica descrença nas instituições.
Independentemente de quem sejam os aspirantes ao Palácio do Planalto, sabe-se que os programas sociais, a crise econômica, o estado democrático de direito, o casamento de pessoas de mesmo sexo, o aborto, a questão previdenciária, a legalização da maconha, o racismo, estarão em pauta, isto é, os presidenciáveis terão de ter posição acerca de tudo, não apenas de assuntos de interesse público, mas também de ordem pessoal.
O eleitorado brasileiro, no entanto, precisa ter claro que a agenda política não pode ter como linha mestra os temas polêmicos, as questões eminentemente “da moda”, os assuntos emergenciais. Temos que eleger prioridades. Não há como exigirmos um país mais sofisticado do ponto de vista das questões de igualdade de gênero (evidentemente importantes), enquanto que 44% dos brasileiros vivem com menos de um salário mínimo e 73% da população não é plenamente alfabetizada.
É certo que os presidenciáveis serão instados a falar acerca do aborto, mas antes disto é preciso pensar que todos os anos 70 mil pessoas são assassinadas no País e que 60 mil perdem a vida no trânsito. Metade da população não tem acesso a esgoto e, em vez disto, se debaterá a ideologia da esquerda e a da direita, afora as acusações pessoais.
Entretanto, o Brasil ainda não pode se dar a esse luxo. Há problemas graves se arrastando ao longo das décadas — muitos vêm do século passado — e está na hora de serem resolvidos primeiro, antes de outros. A educação, neste contexto, vem em primeiro lugar. E tem que acontecer na prática. De bla bla bla estamos todos cansados.