Há seis meses, no início de janeiro, fomos apresentados ao coronavírus. Era algo muito distante, registrado lá na China e que ainda não tinha sido batizado pelos cientistas com seu nome oficial: Covid-19. Há cerca de 100 dias, em março, a doença começava a nos trazer impactos que ainda eram muito mais perceptíveis na economia do que na saúde. Para evitar uma disseminação rápida, empresas pararam e, com isso, houve desemprego e perda de renda. Em certo momento, para muitos, surgiu a desconfiança de que, talvez, a situação epidemiológica nem chegasse ao ponto mais grave em nossa região. Mas chegou.
Junho trouxe o frio e o habitual agravamento da lotação nos sistemas de saúde. Mas é inegável que a situação em 2020, em função da Covid-19, é mais tensa do que a vivida em anos anteriores. O Inverno começou há poucos dias e nossos hospitais estão lotados. As UTIs estão no limite. Nos últimos dias, passamos a perceber o aumento de óbitos na nossa região de cobertura (Vale do Caí + Triunfo) e o crescimento exponencial no número de casos. Agora o que antes eram apenas notícias distantes começa a afetar nossos conhecidos, amigos, vizinhos e familiares. Mais do que nunca, é preciso cuidado.
Na manhã de ontem, 2, dia em que o Rio Grande do Sul completou 15 semanas em estado de calamidade pública, o governador Eduardo Leite divulgou um vídeo alertando a população de que as próximas duas semanas serão o período mais crítico do enfrentamento à pandemia. Nossa sociedade precisa parar de relativizar o problema. Mas isso ainda é visto. Pessoas na rua sem necessidade – incluindo o grupo de risco que, em março, tomou cuidado, mas depois relaxou. Empresas desrespeitam a bandeira do Distanciamento Controlado. Máscaras são usadas da forma errada. O álcool gel foi deixado de lado por muita gente. Janelas estão fechadas quando o ar precisa circular. Os ônibus estão trafegando lotados.
Se continuarmos agindo dessa forma, logo mais a situação estará insustentável e tudo parará com a chegada da bandeira preta ou do chamado lockdown. E, o pior, neste caso, as mortes e o caos sanitários não serão impedidos, apenas reduzidos. Teremos fracassado, apesar dos esforços de alguns. A situação é grave. Não dá mais para apenas fazer de conta que você faz a sua parte.