Uma morte é – e sempre será – algo triste, que precisa ser evitado e, no caso das violentas, suas causas precisam ser investigadas. Uma morte nunca é algo que deva ou possa passar despercebido pela sociedade. Porque junto da pessoa, morre a paz de uma família. Os sonhos de tantos que amam aquele se foi também já não fazem mais sentido. E, no caso de uma morte violenta, morre também um pouco de toda aquela comunidade, que perde um ente querido, que muito ainda teria a contribuir.
Neste final de semana, Marcelo Júnior dos Santos Teixeira, de apenas 18 anos, foi morto em Montenegro pelo disparo da arma de fogo de um policial. As circunstâncias ainda precisam ser apuradas. Mas é necessário que o caso tenha uma apuração precisa, que não deixe margem a nenhuma dúvida e que os detalhes do caso venham à luz o mais brevemente possível. No furor do momento, as redes sociais viraram palco para agressivas discussões. E muito foi dito por pessoas que não conhecem os envolvidos, muito menos as circunstâncias do fato.
É preciso focar a discussão no que realmente é decisivo. Não é o valor da Brigada Militar que está em jogo, nem o risco que estes próprios profissionais correm de serem baleados ou feridos de outras formas no cumprimento da função. O que está sendo questionado pela família de Marcelo é unicamente a morte ocorrida na madrugada do último domingo, 10. Porque o jovem levou tiro fatal pelas costas? Porque a perseguição que culminou na morte ocorreu sem giroflex e sirene – procedimento padrão -, como mostra o vídeo? Assim como, nas manifestações da Polícia Militar, não está na discussão tratar-se de um jovem que não seja trabalhador ou querido das pessoas próximas.
O dito é que o piloto da moto na qual Marcelo era caroneiro não parou diante da ordem policial. Há, ainda, a acusação de que com eles estava uma mochila na qual havia 39 pedras de crack, 130 gramas de maconha e uma balança de precisão.
Apesar de muito se discutir sobre um vídeo do momento dos tiros, onde não é possível ver a mochila citada na argumentação policial, a grande questão a ser esclarecida não é esta. Isso porque mesmo que os dois rapazes não tenham parado a moto diante de uma abordagem policial por estar com drogas, isso não deveria resultar em morte, mas sim em prisão. Há orientações para como os policiais devem agir nesses momentos e algo claramente saiu do padrão. E é esta a explicação que precisa ser dada à sociedade e, em especial, à família de Marcelo.
Isto não significa desprezar o trabalho prestado pelos policiais ou os riscos que eles correm. Ao contrário. Apenas o esclarecimento dos fatos dará à comunidade a tranquilidade de sair às ruas sentindo-se segura e confiante nas forças policiais. E, sobretudo, esta família merece saber o que, de fato, ocorreu com o jovem. Isso não pode passar em branco, sem apuração severa e transparente, sob pena de manchar a relação que a polícia montenegrina tem com a comunidade.