As revelações que o Ibiá traz com sua reportagem especial a respeito do que ocorreu na enchente de junho deste ano são chocantes. Mas, sobretudo, devem ser absorvidas pelo Poder Público como alerta, como alicerce para mudanças. Uma iniciativa humilde que não exige muito, pois a mesma matéria jornalística deixa claro que ferramentas eficazes existem, não sendo necessários gastos públicos com contratações de empresas privadas.
A base do trabalho de monitoramento é a Defesa Civil, Nacional, Estadual e as Municipais. Todavia, quem está aqui na ponta desta rede não pode ignorar a interligação. O órgão aumenta muito sua eficiência quando a corrente de informações e compartilhamento é adotada por cada integrante. Pensar em sua cidade de forma isolada é um erro vulgar, com consequências danosas. Inclusive já comprovadas!
A disposição da Defesa Civil e das esferas de governo está o Serviço Geológico do Brasil (SGB/CPRM), cuja eficiência, assim como presença, também está descrito na reportagem do Ibiá. Inclusive, este é um instrumento público, portando, à disposição do cidadão para acesso digital, pelo endereço www.sgb.gov.br/sace. Logo, não há dificuldade em acompanhar previsões, alertas, avanço nas cotas de nível do Rio Caí.
As prefeituras precisam dar atenção na constituição mais técnica de suas defesas civis, com pessoal que se responsabilize pela função de monitoramento. Outro serviço que inclusive já deveria de existir, dado o longo histórico de enchentes, é um Sistema de Alerta a respeito do avanço do rio. Com o mundo online que vivemos hoje, avisar a população não é nenhum mistério, tampouco pedindo um grande projeto ou dinheiro. O Alerta pode ser em grupo de WhatsApp, SMS, pelo Facebook.
Não há como parar a força da natureza, e enfrentá-la é uma missão que requer flexibilidade e inteligência. Desde que o homem “desrespeitou a alma do Rio”, passou a submeter-se aos movimentos naturais deste; e como desocupar inteiramente as áreas de várzea, dando novas residências aos moradores, é um projeto sequer considerado, a alternativa é conviver. Mas para essa coexistência dar certo, as comunidades do Vale precisam estar muito bem preparadas para os dias de extravaso do Caí.