Em debates políticos, que no Brasil assumiram um viés bastante superficial e pouco adulto, como se houvesse apenas duas verdades no contexto sociopolítico atual, sempre surge polêmica quando se pauta o tamanho do Estado e seu grau de invasão sobre a vida das pessoas. Fica a impressão de que o entendimento entre os indivíduos está cada vez mais intrincado — e as redes sociais servem de combustível neste sentido. Para se chegar a um denominador comum, é preciso que um mediador intervenha.
Daí o porquê de se aceitar, mas não sem ressalvas, a Norma Técnica nº 02/2017 da Secretaria Nacional do Consumidor, que determina ilegalidade à prática de se cobrar preços diferenciados entre homens e mulheres em estabelecimentos de lazer e entretenimento. A medida é bem-vinda porque há discriminação velada por trás da prática de se cobrar o ingresso feminino mais barato do que o masculino.
Lamenta-se, no entanto, que a ação do poder público venha para suprir uma falha que a sociedade já deveria ter superado há muito tempo. É forçoso reconhecer que o Estado teve de agir porque pessoas não construíram entendimento neste sentido. Não é preciso haver lei para que sejamos educados, tolerantes e respeitosos.
A igualdade de gêneros deveria estar introjetada na consciência de cada um. Contudo, num país de instrução escolar de baixa qualidade e de crise de valores, certos comportamentos mudarão somente por decreto ou multa. Pelo menos, o debate agora ganha força e, aos poucos, os conservadores terão de aceitar a mudança.