A dor que jamais cessará

Existem notícias que despertam lembranças nas pessoas. Especialmente as tristes, porque deixam uma cicatriz mais profunda. Todo mundo lembra onde estava quando soube do incêndio na boate Kiss ou do desabamento das Torres Gêmeas. É provável que, daqui a alguns anos, grande parte da população montenegrina ainda tenha a memória do 13 de fevereiro de 2020, data em que foi roubada de Marcelo David da Rosa de Campos, de apenas 7 anos, a chance de crescer, estudar e trilhar a sua história.
A informação logo se espalhou. Ainda nas primeiras horas da manhã, o Rio Grande do Sul mostrava-se assustado, tentando entender como o pai da criança, Márcio David Souza de Campos, pode assassinar o próprio filho e então por fim à própria vida. Os corpos estavam abraçados e muito ainda deverá ser investigado. Nada que for descoberto, porém, conseguirá apresentar justificativa para um ato tão brutal.
Se todos sofremos, ninguém se aproxima, em intensidade, da dor de Rosemere da Rosa, mãe do menino e ex-mulher de Márcio, de quem separou-se no final do ano passado. Ela é quem levará para sempre no coração a lembrança do menino que trouxe ao mundo e lhe tomaram a chance de ver crescer. Ela o entregou ao pai e não o recebeu de volta. Dela foi suprimida a oportunidade de vê-lo se formar, vestir a farda do serviço militar, apresentar a primeira namorada. Ela experimenta a incontestável dor de perder aquele que deveria ser seu companheiro por toda a vida. Ninguém é capaz de compreender o que uma mãe sente quando perde um filho, ainda mais nestas circunstâncias.
Não adianta aos que estão distantes do assunto tentar entender o que levou Márcio a assassinar o menino. Como as relações familiares se deterioraram ao ponto de chegar a este crime brutal? Será que ele era um bom pai? Terá o homem surtado diante do fim do casamento? Não temos informações detalhadas e talvez jamais estas dúvidas sejam elucidadas.
O certo é que a saúde mental deste homem estava comprometida. Teorias sobre ele estar se vingando da esposa, não aceitar a separação ou ter a pretensão de, além de se matar, levar o filho consigo, não passam de hipóteses. Ninguém estava lá para saber. Mas, inegavelmente, é possível afirmar que ninguém que está bem, mental e emocionalmente, pratica uma barbaridade dessas. Que Deus conforte esta mãe e os demais familiares. É o que resta dizer diante de tamanha tristeza. E que a sociedade consiga identificar e tratar a grave doença da qual sofremos e evitar novas tragédias.

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