A chamada “Pirâmide de Maslow”, ou “Teoria da Hierarquia das Necessidades Humanas” coloca na base da pirâmide as necessidades fisiológicas, como água, alimento e abrigo, sem as quais ninguém sobrevive. E sobre esta base, de forma hierarquizada, vão se colocando as demais, culminando pelas necessidades espirituais, estéticas, culturais, etc.
Nesta hierarquia de necessidades e valores, viajar não é das mais importantes para a sobrevivência. Mas pode ter uma enorme importância quando as mais básicas estiverem satisfeitas. Acho que atingi um relativo equilíbrio. Para mim, viajar sempre foi uma enorme fonte de prazer. Entre ter uma casarão, ou um carrão, acho que viver mais simples, com pouca ostentação, e gastar alguns trocos em viagens, traz um retorno muito maior.
Começo por uma frase de Amyr Klink, o navegador solitário que atravessou o Atlântico em 100 dias, no barco a remo batizado de Paraty. Quem quiser conhecer o barco e fotografá-lo, basta ir ao Museu do Mar, em S. Francisco do Sul, Santa Catarina. Disse ele que “Pior que não terminar uma viagem, é nunca partir”. E emendo com outra frase, que nem sei se é minha ou se estou plagiando alguém. “Quem não sabe ver a beleza que está perto, nada verá quando estiver longe”. Por tudo isto e muito mais, acho que viajar seja talvez uma das melhores formas de gastar dinheiro, respeitando a hierarquia de prioridades acima referida. Nem precisa ser longe. Pode ser perto mesmo. O que é preciso é ter olhos para ver.
Quando eu era coordenador do Espaço Vida Unimed, cedemos o anfiteatro para uma atividade de alguns formandos do Curso Técnico de Turismo do Colégio São João. Convidaram algumas pessoas a apresentarem relatos de experiências pessoais relacionadas a viagens ou turismo. Entre os convidados estava o amigo Paulo Petry, que apresentou brilhante e ilustrativa palestra sobre o planejamento, preparativos e a própria viagem, que consistiu em ir de bicicleta de Montenegro a Santiago do Chile. Muito mais estratégia do que aventura. Emocionante em alguns recortes. Também um casal, cujo nome não guardei, relatando sua enriquecedora experiência, ao viver por algum tempo na Nova Zelândia. E eu também fui convidando a palestrar. Dei como título exatamente o mesmo que estou dando para esta coluna. “Viajar, um estado de espírito”.
Se gostei e gosto de viajar as minhas viagens, talvez não menos prazer me cause viajar na viagem dos outros. Seja numa conversa descontraída, melhor ainda se estimulada por uma taça de vinho, ou lendo livros sobre literatura de viagens. Minha primeira viagem? Querem saber? Foi a Lua de Mel, com a Cerly, a bordo de um barulhento DKW 65 , de Pelotas a Montevideo, em estrada de chão. E sem ar condicionado ou direção hidráulica. Sigo viajando com ela, pelas estradas da vida, há mais de 50 anos. Leitores: vamos continuar viajando na próxima coluna? Espero vocês.
Grande abraço.