Lembro-me ainda muito bem de meu primeiro professor (não foi professora), nos dois primeiros anos do Curso Primário, na Escola Municipal D. Pedro II, no interior de Pelotas. Citando Francisco Ribeiro do Amaral, o Professor Chiquinho, homenageio e agradeço a todos os professores que tive depois, ao longo da vida, e que, junto com minha família, muito fizeram para ser o que sou.
Por serem vários, ou muitos, foram também diferentes. Em muitos aspectos. Alguns de muito conhecimento, cultura ou inteligência. Outros, pelos exemplos de vida e valores que transmitiam ou inspiravam. Outros por sua didática ou carisma.
Todos, de alguma forma, foram importantes. Mas respeitando suas diferenças, e que bom que foram diferentes, os que mais impactaram não foram necessariamente os mais eruditos e que mais sabiam. Mas aqueles de quem mais conhecimentos eu absorvi, ou que mais comportamentos eu desejei imitar, ou que mais despertaram em mim a vontade de aprender por mim mesmo. Talvez não os mais rebuscados, mas os mais simples. Os que, ao invés de complicarem o que era simples, simplificavam o que era complicado. Simples e óbvio.
Além de aulas regulares, também assisti a muitas palestras. Entre elas as motivacionais. Por exemplo, nos Foruns da Qualidade, do PGPQ/ACI, que muitas vezes apresentei como Mestre de Cerimônias. Em geral, palestrantes requisitados, da moda, que cobravam bem caro pelas palestras que davam. E qual a técnica, qual a receita para o seu sucesso? De modo geral, diziam o óbvio, até chavões ou lugares comuns. E não vejo nisto um defeito. Ao contrário, a grande qualidade. Porque o que diziam não eram coisas inatingíveis, e o que estimulavam não eram atitudes ou comportamentos inalcançáveis. Tudo estava perfeitamente ao nosso alcance; não exigiam talento incomum nem vontade de ferro. Propunham coisas simples e óbvias, que dependiam apenas de atitudes ou decisão de querer mudar um pouco. Para melhor.
Franceses são tidos, muitas vezes de forma estereotipada, como intolerantes e poucos receptivos ou amistosos. Mas com apenas três expressões muito simples – Excuse mois, s´il vou plait e merci, a maioria das portas, até as do coração, se abrirão. Porque é difícil permanecer turrão frente a um comportamento gentil e educado. Simples e óbvio.
Confesso que livros de auto-ajuda não são a minha praia. Mas sem nenhum preconceito. Podem ser muito úteis e a iniciação para um gosto pela leitura que vai levar a outros estilos. Exatamente como com o vinho. Dificilmente alguém começa por um vinho seco e encorpado, sem ter passado antes por um vinho branco ou rosé . É apenas questão de tempo e de apurar o paladar. E o que estes livros abordam são também assuntos que nos podem ajudar a encarar a vida de uma forma mais leve, ou mais otimista, ou mais despojada. Podem ser sim, uma ferramenta de melhoria ou auto-conhecimento. Simples e óbvio.
E finalmente, tenho de lembrar também de receitas de culinária. Porque tem tudo a ver com o fio condutor que estou tentando desenvolver. Para mim, as melhores receitas, e que podem mostrar de fato um “chef”, que merece 03 estrelas no Guia Michelin, não é aquele que precisa de caros ou dificilmente encontráveis produtos ou condimentos da Chechênia do Norte. Mas com ingredientes baratos e comuns, que se encontram na feira ou no mercadinho do bairro. Pois receitas de vida também são assim. Só tem valor se forem simples, podendo serem praticadas pela maioria das pessoas comuns, não precisando ser nenhum gênio pós graduado.
Para que complicar demais a vida e o mundo, se há jeitos bem mais simples e óbvios de ser feliz?
Grande abraço.