A estimativa da população mundial para 2021 indica que já somos cerca de 7,8 bilhões, dos quais 1,41 bilhão são chineses. É difícil imaginar que em quase 08 bilhões de habitantes do planeta não haja duas pessoas exatamente iguais, nem de corpo nem de alma. Nem mesmo sendo chineses, que ao olhar ocidental mais desatento parecem todos iguais. Impressões digitais, análise da íris ocular e DNA confirmam sermos únicos, sem clones. Somos como medicamentos de marca, sem similares ou genéricos. Por isto, não seria de esperar que tivéssemos cada um seu jeito de ser, pensar e agir totalmente único e absolutamente original? Pois a resposta é não. É que além de uma identidade pessoal, existe também uma identidade coletiva. Desde sempre, os homens foram se agrupando por suas afinidades e semelhanças, e não por uma igualdade inexistente. E assim foram se constituindo tribos, povos, nações e grupos sociais, com seus costumes, tradições, modos de vida e valores.
Um grande desafio parece ser equilibrar o individual e o coletivo, para que um não abafe e aniquile o outro. Globalização e tecnologia, a internet sobretudo, parecem ter muito a ver com este processo. Desconfio que pendendo para o lado da massificação e da homogeinização. Línguas e dialetos vão desaparecendo, bem como culturas locais ou regionais. E o que é pior: por um processo de dominação cultural, em que os mais fortes submetem os menores e mais frágeis. Isto é bom? É desejável? Responda cada um. Apenas fiz a pergunta.
Um dos aspectos em que esta massificação vem ocorrendo, todos conhecemos. É no lazer. As férias, no Rio Grande do Sul, para a maioria, se concentram num período de 02 meses. Por causa do calendário escolar e das condições climáticas, que limitam o desfrute de nossas praias. Já levei 05 horas para vir de Tramandaí a Montenegro num domingo de verão. Precisaria ter ido para lá? Quantas filas, quanto engarrafamento no trânsito, quanta disputa por não mais do que um metro quadrado de areia na praia? Não tinha outras opções de lazer? Tenho mesmo de ir para onde todos vão, simplesmente porque todos vão? Não poderia ter sido minimamente original, como é o meu genoma?
Outro exemplo, bem montenegrino. Os pontos de aglomeração em fins de semana, principalmente quando o clima estimula a sair de casa, vão mudando de tempos em tempos. Já foi o Parque Centenário, a Praça dos Ferroviários, alguns postos de combustível e agora o Cais do Porto. Belo lugar, que por sinal, deveria ser mais valorizado. Vai durar quanto tempo? Estes pontos de reunião não são também um exemplo de comportamento massificado, de rebanho, em que as pessoas se aglomeram não apenas porque o lugar é bom, mas porque parece haver uma força que nos atrai a ir onde todos vão?
Mais uma reflexão, sobre internet e redes sociais. Basta alguém postar uma foto ou vídeo de um falso ceguinho virando a cabeça quando passa uma mulher bonita, que milhares ou milhões acabam gastando seu tempo, fazendo comentários e viralizando um conteúdo absolutamente irrelevante, para quem pretende uma ocupação minimamente útil de seu tempo. Tenho dificuldade de aceitar que milhões sejam manipulados por muito poucos, com as mesmas informações e os mesmos assuntos. Já estou gastando tempo demais deletando conteúdos que nem chego a ver, porque ao contrário de me enriquecer cultural e intelectualmente, vão acabar por me emburrecer mais do que já sou. Onde está o DNA que nos torna únicos e originais? Precisamos tanto este comportamento de rebanho ou de “Maria vai com as outras?”
Um grande abraço.