A crônica de hoje vai ser leve, sem questionamentos ou reflexões. Mas é possível que evoque recordações ou nostalgia em alguns.
Com o surgimento, ainda muito recente, dos celulares com suas câmeras digitais, a fotografia passou a fazer parte da rotina diária da maioria das pessoas. Mas nem sempre foi assim.
Imagino que a primeira vez que um humano se reconheceu, talvez num espelho de águas calmas, deve ter esboçado não sei que reação. Deve ter sido um momento mágico na história da evolução: o homem ter pela primeira vez consciência da sua própria imagem.
E passaram talvez milênios, até o surgimento de espelhos de verdade.
Veio também a pintura por muitos séculos, foi a maneira com que as pessoas, as abastadas principalmente, se deixavam representar. Surgiram assim os grandes mestres da pintura.
Já a fotografia, propriamente, é bem mais recente. Coisa do Século XIX . A primeira de que se tem registro foi tirada na França, em 1826. Um marco foi o lançamento da primeira máquina fotográfica portátil, pela empresa americana Kodak, em 1.888.
Não quero que minhas crônicas sejam apenas um compilado de informações, mas também um pouco, ou quem sabe, muito, de impressões pessoais, opiniões ou vivências . E eu devo começar relatando, mas principalmente lamentando, por ter tão poucas fotografias dos anos iniciais da vida. Simplesmente porque as pessoas comuns não tinham máquinas fotográficas. Ia-se a um estúdio para “tirar retratos”, ou chamava-se um “retratista”, em ocasiões especiais, como casamentos, primeiras comunhões ou batizados, festas, encontros de famílias. Por isto quase não posso mostrar para a Alice, minha neta, como era o avô em criança.
Só depois de adulto e formado que viagens e fotografias passaram a fazer parte da rotina da minha vida. As “máquinas fotográficas” precisavam de filmes. Comprava-se filmes Kodak ou Agfa, com 12, 24 ou 36 poses. Tinha que se escolher o que fotografar. Só na volta os filmes eram revelados. Mesmo assim, era possível organizar álbuns de fotografias, mostrar aos outros, ter com elas um contato físico.
Hoje, com a tecnologia digital disponível, temos milhares de fotografias. Repetidas até. E ao mesmo tempo temos poucas. Quase como na minha infância. Porque são digitais, e não físicas. Na maioria das vezes não as imprimimos. Estão nos computadores, celulares, pendrives, tablets, Ah, não esquecendo, na“nuvem”. Na maioria das vezes não organizadas ou classificadas em arquivos, que facilitem sua localização.
Mesmo com esta democratização e universalização, estúdios e fotógrafos não perderam a importância, porque a fotografia, além de registrar momentos, é uma arte. E um bom fotógrafo é um artista.
Que possamos em nossas vidas colecionar muitos bons momentos, e eternizá-los em fotografias. E que os nem tão bons sejam apagados para sempre , das fotos e de nossa memória.
Grande abraço