Acho que a programação de televisão veicula muita coisa que é pura bobagem e perda de tempo. Mas nem tudo. Porque há , sim, programas de muito boa qualidade, e que vale a pena serem vistos. Um de que gosto, e que em geral apresenta temas muito interessantes, é o Globo Repórter. Um destes foi apresentado em 26/05/23, sobre “ Encontro de Gerações”. Mostrou diversos casos bem interessantes, de convivência entre jovens e idosos. Um particularmente me tocou mais, por envolver ao mesmo tempo duas situações: diferença de idade e condição social. Foi um projeto de pesquisa numa Universidade, e que consistia em avaliar relações intergeracionais. A reportagem mostrou de um lado um estudante de psicologia, com algumas dificuldades existenciais, e de outro, um senhor acho que com 82 anos, catador de recicláveis ainda em atividade. Alegre, otimista, com família estruturada e sabedoria acumulada ao longo de muitos anos de vida. Resultou numa linda amizade entre o estudante e a família do idoso.
Não há dúvida de que existem muitas diferenças de habilidades, atitudes e valores entre jovens e idosos. E preconceitos também. Que os afastam e distanciam. E que impedem ou dificultam que cada geração possa ao mesmo tempo ensinar e aprender, uma com a outra. Talvez muitos jovens estejam perdidos e sem objetivos, volúveis, imediatistas, sem apego e sem rumo. Mas há também muitos idosos intolerantes, arraigados ao seu passado, refratários a mudanças. Mas nem todos, de um lado ou de outro, são assim. E nem precisam ser assim.
A Pirâmide Populacional é uma forma de apresentação gráfica muito útil e de fácil entendimento para avaliar a composição da população de um lugar em determinada ocasião, por sexo e por idade. Comparando os gráficos obtidos a intervalos de anos, tem-se uma ideia muito clara de tendência de diminuição da população jovem pela redução de natalidade, e de crescimento da população idosa pelo aumento da longevidade.
O último Censo do IBGE, recém publicado, mostra que no Brasil está ocorrendo uma antecipação desta tendência, que já era esperada, mas que superou as expectativas. Mas afinal, o que o Censo tem a ver com nossa vida? Pois asseguro que muito. No planejamento estratégico de ações governamentais, mas também no nosso dia a dia. Na compreensão da importância de um convívio saudável entre jovens e idosos, como mostrou o Globo Repórter. E nem preciso pensar muito para me dar conta de que sou um elemento desta equação. Sou o mais idoso e antigo médico de Montenegro. E que ainda teima em ficar ativo por mais um pouco. Nas atividades que desempenho na Unimed, convivo todos os dias com colegas e colaboradores. E todos são mais jovens do que eu. Não me sinto excluído ou discriminado. Mas acolhido. Paparicado até. E aprendendo com todos eles, todos os dias. Espero que, em certa medida, possam pensar e dizer o mesmo de mim. Sem falsa modéstia.
Um grande abraço