Foi por pouco. Muito pouco.

O Brasil acordou estarrecido, horrorizado e enojado na manhã da última terça-feira, ao saber que a Polícia Federal deu cumprimento a cinco mandados de prisões preventivas em desfavor de quatro militares de alta patente do Exército Brasileiro, e um policial federal, presos estes que, segundo as investigações amplamente divulgadas por toda a grande imprensa, teriam orquestrado e colocado em prática, em dezembro de 2022, um plano de golpe de Estado.

O conhecimento desse ataque ao estado democrático de direito, segundo as investigações, só foi possível após a recuperação das mensagens trocadas, apagadas e deletadas do computador do Mauro Cid, igualmente militar e ex- ajudante de ordens de Jair Messias Bolsonaro. A recuperação de dados ocorreu com a utilização de um aparelho de tecnologia sofisticada, israelense, com o qual se conseguiu baixar das chamadas nuvens toda a interlocução realizada pelos participantes da organização criminosa.

O plano sórdido dos militares de elite “Kids Pretos” contou com reunião realizada na casa do General de Exército Braga Netto, ex Chefe da Casa Civil e Ministro da Defesa de Bolsonaro, e candidato a Vice de Bolsonaro na tentativa de reeleição de 2022. O plano previa os assassinatos do Presidente da República Luís Inácio Lula da Silva, do seu Vice Geraldo Alckmin e do então Presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Ministro Alexandre de Moraes.

As mensagens agora descobertas e reveladas dão conta do quão próximo estiveram os idealizadores desse golpe de Estado de concretizarem seus crimes. Houve campana e monitoramento, gastos com locomoção, alimentação, munição e armamentos e, inclusive, discussão sobre a possibilidade de envenenamento das vítimas.

O Ministro Alexandre de Moraes chegou a ser monitorado em algumas ocasiões e só não restou capturado e morto porque, por sorte dele, a sessão do TSE terminou mais cedo e ele e sua equipe de seguranças mudaram o trajeto e o horário de saída.

Dos muitos dados recuperados nas mensagens desvendadas, há a farta demonstração de que, com a não aceitação do resultado das eleições, Bolsonaro e alguns membros do mais alto escalão do seu governo que, em dezembro de 2022 se findava, orquestraram e tentaram por em prática um golpe de Estado, com o objetivo de se manterem no poder da Nação, na marra, na base da traição, com violência e total desrespeito aos preceitos constitucionais que nos são mais caros.

Mauro Cid é figurinha carimbada, mas a cereja do bolo, ou melhor, as cerejas, ainda estão por serem colocadas e conhecidas do Brasil e do mundo.

E são elas o energúmemo Jair Messias Bolsonaro, esse traste que é puro ódio e rancor misturado com burrice e incompetência, e, pelo menos mais dois sujeitos evidentemente comprometidos com essa organização criminosa horrenda: os generais Braga Netto e Augusto Heleno.

Esses três precisam ser responsabilizados de maneira exemplar, sob pena de voltarmos a viver os dias terríveis da ditadura que matou, calou, sequestrou, estuprou e torturou no passado.

Parabéns aos agentes da nossa Polícia Federal, agora novamente independente.

Vencemos o período da incompetência e da covardia absurda de um PGR que só acobertava atos criminosos, normalizava o não normal e arquivava procedimentos.

O Brasil nos trilhos, de novo.

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