Entre as muitas lições aprendidas durante este um ano atípico de pandemia, uma delas é a de valorizar as profissões que antes pareciam “menores” perante os olhos da sociedade. Hoje, após olhar para trás, e para os mais de 300 dias que nos separam dos primeiros casos de Covid-19, dos muitos momentos de resiliência, das ressignificações, da distância física e dos sentimentos a que estivemos expostos, talvez a sociedade tenha mais consciência e compreensão sobre a importância que os entregadores, motoboys, motoristas de táxis e aplicativos, atendentes de supermercado, lixeiros, entre outros, têm em nossas rotinas.
Eles são profissionais essenciais nestes dias de distanciamento social, colocando-se em risco para exercer suas atividades. Precisamos valorizar o outro, mais do que nunca. É possível imaginar como viveríamos sem o outro? E como, antes da pandemia, não soubemos valorizar esses tipos de serviços? É necessário salientar que, em relação as suas atividades, nada mudou. Eles sempre existiram e sempre tiveram suas mesmas finalidades. Só não tiveram o reconhecimento que estão tendo agora, que precisamos mais deles.
O que se alterou, então, foi somente a nossa percepção. Martin Luther King Jr disse certa vez, ao comentar sobre uma greve de funcionários da limpeza pública. “A pessoa que recolhe nosso lixo é, na verdade, tão importante quanto o médico, pois, se ele não fizer o trabalho dele, doenças irão se alastrar. Todo trabalho tem dignidade.” Ao reconhecer essa dignidade, valorizamos também a vida de quem o exerce.
Todos são relevantes para a sociedade. Não é porque estamos distantes do contato humano que, por consequência, vamos perder a sensibilidade diante da morte. É exatamente o contrário. Esse raciocínio é vital para passarmos esse período complicado, onde muitos ainda negam ou até mesmo distorcem a realidade. Batalhamos todos os dias contra as distorções, as notícias falsas, e o negacionismo. Onde muitos veem mortes como apenas números. Precisamos valorizar o outro para valorizar a vida.
Claudio Gastal
Secretário de Planejamento, Governança e Gestão