Liberar ou não, eis a questão

A organização sem fins lucrativos “Armas S.A.” trouxe a Porto Alegre o deputado federal Eduardo Bolsonaro para o evento “Brasil, do desarmamento ao caos”. Um debate sobre porte de armas ao cidadão brasileiro. O pessoal da Armas S.A. defende o direito à defesa e a aprovação do projeto de lei 3722, no Congresso, que tem como objetivo estabelecer uma nova regulamentação para aquisição, posse, circulação e porte de armas no país.O tema é polêmico e jamais deixará de ser. É que se debate sobre vidas e mortes violentas. Afinal, para que serve uma arma? Pra derrubar latinha no moirão? Não, né. Matar. Óbvio. Para isto ela foi inventada. Agora, precisamos partir de duas verdades básicas. Não há arma com pensamento próprio, quem mata é a mão humana. Nem a mão: o cérebro. E também há muito mais nas mãos dos homens que sequer foram concebidos para matar, mas hoje são ferramentas de crimes bárbaros. Vide os carros. Era pra ser só meio de locomoção rápido, um presente da inteligência humana. Virou instrumento de carnificinas. E as canetas a serviço do poder? Nem se fala. Uma caneta corrupta mata mais que centenas de fuzis. Aperta gatilhos adormecidos. Enfim.
Argumentos de um lado e de outro elevam seu tom toda vez que algum fato midiático aflora a discussão. O atentado recente nos Estados Unidos, por exemplo. Sujeito tinha mais armas do que eu consegui em figurinhas da Copa de 1982. Matou um monte de gente. Tá, era um doente, ok. A pergunta é: se nem os EUA, que se gabam de controlar tudo e todos, ter leis perfeitas e liberdade plena, conseguem controlar esse tipo de coisa, nós aqui controlaremos? Somos bagunçados e burrocratas. A invenção do Estatuto do Desarmamento parecia legislar sobre ótimas intenções. O resultado foi inverso. Ah, talvez tivéssemos o dobro de mortos se as restrições não existissem. Teoria. A prática mostra resultados horrorosos. Cidadania e a liberdade acuada, bandidos desfilando arsenais no reino do medo. Vítimas executadas por causa de um carro ou celular sem esboçar qualquer reação. Não eram nossas armas, o problema. Mas aquilo que o país insiste em ignorar e não corrigir.
O debate prosseguirá e temos só uma certeza. Do jeito que está, não dá mais. Algo precisa mudar. Talvez seja verdade que nos EUA bandidos temam atacar um cidadão porque ele pode estar armado e revidar. Outra teoria. É a liberdade humana em discussão e os argumentos apaixonados de quem tem interesse ou não em lucrar com o tema. O mesmo que se faz com a questão das drogas. Interessante: as mesmas pessoas que defendem liberar a maconha, e afirmam que o país tem maturidade educacional para isto, são contra liberar armas para as mesmas pessoas. Quem entende?

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