Diferencial competitivo

Daniel R. Randon
Presidente das
Empresas Randon

Vivenciamos, recentemente, duas notícias positivas e motivadoras. Uma de Brasília, onde há 19 anos nasceu o estudante mais jovem do mundo a entrar num mestrado em Direito, em Harvard, nos Estados Unidos, instituição conhecida pelo seu rigoroso processo seletivo. A conquista se deu, também, porque o estudante se destacou no ano passado pela sua sustentação oral em um processo no Supremo Tribunal Federal.
Outro exemplo é fruto da criatividade e do esforço individual de um professor de matemática da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dom Diogo de Souza, de Viamão, que pensou diferente. Ele inovou ao incentivar a inclusão do jogo de xadrez como disciplina regular, o que comprova que inovação não está, necessariamente, ligada à tecnologia, mas a atitudes simples. Com o maior interesse e concentração ocasionados pelo xadrez, as notas melhoraram, a evasão escolar caiu para 5% e cresceu o Índice de Desenvolvimento Escolar Básico (Ideb).
Dois casos e duas enormes inspirações que servem para tentar reverter o cenário da educação brasileira, crucial para o desenvolvimento de qualquer país, que pode mudar a partir de iniciativas não necessariamente públicas. Dados do IBGE mostram que o Brasil retrocedeu em seu Plano Nacional de Educação, que previa erradicar o analfabetismo até 2015. Quatro anos depois, permanece com a triste marca de 11 milhões de analfabetos.
Não basta discutir o corte de orçamento na educação. Por imposição do mercado, é preciso inovar e romper com os modelos tradicionais de ensino para alcançar um diferencial competitivo. As startups mostram este desafio de reaprender constantemente. Já não se aprende somente em cursos. Houve inversão de critérios de seleção e o modelo 70/20/10 insere-se nas organizações, em que 70% do aprendizado vem de experiências próprias, 20% do aprendizado com os outros e apenas 10% origina-se de cursos tradicionais.
É a vida real se impondo. As estatísticas de criminalidade são alertas para que algo seja feito para mudar o destino de muitos por meio do poder da educação. E que sirvam de reflexão aos gestores sobre a política educacional para que o Brasil retome o caminho do desenvolvimento. Que as histórias reais de Viamão e de Brasília, além de tantas outras, sejam referências perseguidas com muita seriedade. Há talentos e gente capaz de inovar com ou sem tecnologia. Gente que faz e que ajuda a construir uma sociedade mais próspera e menos desigual.

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