Meu pai, que já faleceu há muitos anos, era um entusiasta do estudo do Hermetismo; que é um conhecimento extenso das Ciências Ocultas cujas leis regem o Universo. E eu, desde sempre, trago em mim essa chama Hermética que queima sem tremular, focada como um raio em direção à Verdade Última, que é o saber profundo que só se recebe em união com Deus.
Esse “desvelar” da Verdade Última é iluminador e raramente se apresenta a alguém sem que este dedique sua vida em sua direção, e, quando o faz, mais raro ainda é que este a perceba claramente. Todavia, há três anos, eu retomei minha dedicação a essa Verdade com um empenho que jamais tivera em toma minha vida. E, sem medo, mergulhei diversas vezes em busca de um lugar muito difícil de acessar, como um Templo na Mente, por assim dizer, até que, em determinado momento, fui iniciado em um dos Mistérios mais sublimes que jamais imaginei vislumbrar. E a comunicação daqueles Mistérios foi para mim como uma epifania, derrubando as paredes do não-entendimento e rasgando o véu da ignorância que cobrira aquela Verdade Última para mim por toda a minha vida. Ali me foram conhecidos os Mistérios do Deus Oculto, os Mistérios do Sentido e do Objetivo da Vida, do que chamamos de Morte e da Verdadeira Vida, que é aquela peculiar sensação que temos, aquela faculdade de sabermos que existimos; não nossas memórias, nossa personalidade, nossos pensamentos, mas aquela percepção de existimos dentro do mundo.
Entre ler e meditar sobre esses conceitos e vivenciá-los verdadeiramente, posso dizer, há um abismo intransponível. É como ler todos os livros sobre natação e dominar todas as suas técnicas, tornando-se um exímio conhecedor do conceito; porém, a verdade é que só vamos entender realmente aqueles textos no dia em que nos lançarmos na água. Então tudo o que foi lido fará total sentido e será, como disse, uma epifania.
Hoje os textos realmente Herméticos me fazem total sentido, os textos bíblicos, os textos hindus, budistas, muçulmanos… todos são muito claros em seus ensinamentos. E nesse processo me libertei de uma forma que jamais poderia sonhar. Hoje entendo de uma forma especial a necessidade da vida, suas mudanças, sua impermanência, o sofrimento, a alegria, e a senda de cada um. E para todos que me conhecem, continuo o mesmo, porque isso não me faz melhor, nem pior, na prática do dia a dia.
Mas a mudança foi profunda, e eu pude me deslocar do mundo, de um certo ponto de vista, porém sem deixar de observá-lo da mesma forma que sempre o vivi; entretanto, internamente, o entendimento é outro. E isso me faz amar a vida mil vezes mais. E me faz querer vivê-la mil vezes mais. Porque o grande sentido da vida, de forma resumida, é o próprio viver, e seu grande objetivo é experimentá-la em harmonia com a perfeição que flui desde Deus; pois tudo o que foi feito o foi para ser plenamente feliz, sem distinção, para todos. E assim deve ser.