Estimado irmão! Estimada irmã!
É com coração imensamente entristecido, porém, esperançoso, que me dirijo a você a partir desta coluna reflexiva neste dia 10 de maio de 2024. Este tempo e, principalmente os últimos dias, ficarão marcados em nossa memória. Estamos todos perplexos diante das cheias que acometem nossa cidade e a maior parte do nosso estado. E desta vez, infelizmente vidas foram ceifadas. Por isso oramos: Tem, piedade, Senhor!
Enquanto Comunidade de Fé, nos últimos dias 04 e 05 de maio, estaríamos em festa e viveríamos dois momentos que visavam enaltecer a gratidão e a alegria: caminhada luminosa e festa pelos 160 anos de nossa Comunidade e 60 anos do atual templo, que mais uma vez viu-se rodeado e tomado pelas águas.
Sim! Tristemente fomos acometidos pelas torrenciais chuvas. Chuvas estas, que atingiram não somente nossa comunidade, mas inúmeras famílias que agora choram devido as perdas materiais e, lamentavelmente, humanas.
A partir do exposto, o que dizer? Se as palavras forem só nossas, certamente, não teremos muito a comunicar. Mas se forem palavras de Deus, com certeza poderemos refletir e prosseguir.
Dentro desse contexto, aprendemos a observar nossa cidade e nosso Estado do alto, como as águias. As imagens aéreas são desoladoras. Lembrei-me do registro feito em Deuteronômio 32.11:“Como a águia ensina os filhotes a voar e com as asas estendidas os pega quando estão caindo, assim o SENHOR Deus cuida do seu povo.” Lembrei-me também do salmista quando em fé orou: “Dá-me forças como prometeste e eu continuarei vivo; não permitas que eu fique desiludido com a minha esperança.”(Sl 119.116).
Conta-se que a águia empurrou gentilmente seus filhotes para a beirada do ninho. Seu coração se acelerou com emoções conflitantes, ao mesmo tempo em que sentiu a resistência dos filhotes a seus insistentes cutucões. Por que a emoção de voar tem que começar com o medo de cair?, pensou ela. O ninho estava colocado bem no alto de um pico rochoso. Abaixo, somente o abismo e o ar para sustentar as asas dos filhotes. E se justamente agora isto não funcionar? Apesar do medo, a águia sabia que aquele era o momento. Sua missão estava prestes a se completar, restava ainda uma tarefa final: o empurrão.
A águia encheu-se de coragem. Enquanto os filhotes não descobrirem suas asas, não haverá propósito para a sua vida. E enquanto eles não aprenderem a voar não compreenderão o privilégio que é nascer águia, pensava ela. O empurrão era o melhor presente que ela podia oferecer-lhes. Era seu supremo ato de amor. Então, um a um, ela os precipitou para o abismo. E eles voaram.
Estimados/as leitores/as!
As vezes na nossa vida, as circunstâncias fazem o papel de águia. São elas que nos empurram para o abismo. E, quem sabe, não são elas as circunstâncias que nos fazem descobrir que temos asas para voar.
Esta história nos lembra dos versículos bíblicos citados há pouco. Para que seus filhotes aprendam a voar, a mãe águia deixa seus filhotes caírem do ninho. Ela paira ao redor deles e, antes que cheguem ao chão, estende as suas asas para ampará-los. Isso acontece repetidas vezes até que os filhotes aprendam a voar.
Em nossa vida, as vezes, os problemas, as tristezas e os desafios que nos sobrevém, se parecem como uma queda livre rumo ao abismo e o chão parece ser o nosso destino. Mas, por mais que não notemos presença alguma de esperança, Deus paira ao nosso redor e cuida de nós a fim de prosseguirmos.
Diante dos abismos não devemos desesperançar, apesar do coração ficar muito triste. Quando soubermos utilizar estes “abismos”, eles nos ensinarão a voar. E, se não aprendermos na primeira tentativa, não há problema algum! A vida nos proporcionará mais momentos de queda, onde teremos que reaprender e refazer todo o exercício. O importante é saber que Deus está conosco, não só nas alegrias, mas também nas quedas e nos sustentará sempre.
A todas as pessoas e famílias atingidas pelas severas cheias, a nossa solidariedade e o nosso afeto. Em meio ao triste caos que vivemos, convido você, estimado/a leitor/a a orar: “Dá-me forças como prometeste e eu continuarei vivo; não permitas que eu fique desiludido com a minha esperança.” É preciso continuar a voar!
P. Charles Werlich
Pastor da IECLB na Comunidade Evangélica de Confissão Luterana em Montenegro