Não sei se vocês todos sabem, mas essa semana foi meu aniversário. E eu simplesmente amo fazer aniversário. De verdade. Inclusive, sempre quis colocar essa notícia no jornal. Se as editoras permitirem, EU CONSEGUI! E se tu tá sabendo disso só agora, pode me dar “parabéns” atrasado, sem problemas. Até 15 de julho de 2020, aceito as felicitações com o maior prazer.
Neste ano, as comemorações foram bem diferentes. Não teve quentão na casa da mãe, nem festinha com os amigos. Mas teve uma aventura incrível e única, em Puerto Río Tranquilo, no Chile. Foi a minha escolha para celebrar meus 26 anos. Eu e o Rodrigo combinamos que eu poderia eleger onde passar o 16 de julho desse ano. E foi uma decisão difícil, hein: Bariloche, na Argentina (e a possibilidade de esquiar pela primeira vez), ou “Las Cuevas de Marmol”, as Cavernas de Mármore, no Chile. Dois lugares que quero muito conhecer. Mas, como vamos precisar passar por Bariloche para seguir para o norte, escolhi as cavernas. Na verdade, escolhi muito mais que isso… uma experiência mágica que reúne tudo que sonhei pra esta viagem.
Pra começar: sabe aquelas paisagens de filme, com montanhas nevadas ao fundo, pinheiros verdinhos, um lago turquesa e aquele céu hiper-azul? Assim é o caminho até Puerto Río Tranquilo. Exatamente assim, visto de uma estrada de chão batido bem crítica. De Perito Moreno, Argentina, onde estamos até a peça da porta chegar, até lá, são 250 quilômetros, sendo 170 de “ripio” (terra, pedras soltas e aquelas costelinhas chatas que tremem tudo). 70 quilômetros até a fronteira e o restante já em território chileno.
Os últimos 60 quilômetros percorremos pela Carretera Austral, a estrada mais a leste dessa região da América e uma das mais lindas do mundo. E é sério! Ela é reconhecida como uma Estrada Cênica, ou seja, cada um dos quase 1 mil quilômetros reserva paisagens indescritíveis que são de responsabilidade de todos.
Puerto Río Tranquilo é um povoado, como todos os lugares turísticos que visitamos, preparado para receber visitantes. Porém, no verão! No inverno, muitas hospedagens estão fechadas, assim como campings, restaurantes e empresas de turismo. Nessa época do ano, restam poucas opções.
Capilla de Marmol – conhecida como “Santuário Natural”, é toda de mármore de cores claras e está também distante da montanha. Ali, se realizavam matrimônios simbólicos da realeza. Depois, o povo aderiu à moda. O último casamento celebrado na capela foi em 2018, quando noivos e convidados participaram de todo o rito matrimonial dentro de botes, ao redor da pedra. Dizem que quem encosta na capela se casa dentro de um ano.
Las cuevas de Marmol – são cavernas, no pé das montanhas que rodeiam o lago. Somente dentro delas é possível ver os desenhos e cores do mármore. A melhor época do ano para a visitação das cavernas é agora, no inverno, quando o nível da água está baixo. No verão, não é possível entrar em algumas delas, já que o volume de água quase dobra.
Catedral de Marmol – é uma formação separada da montanha que recebeu esse nome por causa do formato grandioso e também porque é toda talhada em mármore branco. É o melhor lugar para mergulho, já que existem cavernas de 30 metros de extensão abaixo da “catedral”.
Mármore de 400 anos às margens do maior lago do Chile
O Lago General Carrera não é só o maior lago do Chile. Ele é o segundo maior da América do Sul. Ele é tão gigantão, que ignora a fronteira e passa pro lado argentino, onde é chamado de Lago Buenos Aires. A profundidade máxima é de 600 metros. É nesse açudinho miserável que está uma reserva de mármore lindíssima e nunca explorada pelo homem (felizmente, claro).
Segundo nosso guia, o mármore nessa região é novo, um guri. Tem só de 350 a 420 anos. Por isso, ainda é muito quebradiço. Se tentar tirar uma parte, ele esfarela, bem rebelde, e por isso nunca foi alvo do abuso de limites do ser humano. Ele será próprio para exploração e uso comercial quando tiver 900 anos. Nós não vamos ver, mas esperamos que haja fiscalização para evitar isso.
O passeio pela área é feito somente por barcos pequenos e esse serviço pode ser contratado diretamente no porto da cidade. Existem várias empresas que oferecem a navegação e o preço é meio tabelado. O percurso de todos também é o mesmo.
Quanto custa?
Como eu disse antes, o preço é tabelado, varia muito pouco de empresa para empresa. Nessa época do ano (baixa temporada) está cerca de R$ 50,00 por pessoa e a duração é de uma hora. Há possibilidade de um passeio maior, de três horas, que custa R$ 100,00. Pelo que entendemos, percorre os mesmos locais, só fica mais tempo nas cavernas, possibilitando mais fotos e tal. Não achamos que valesse a pena, não.
Ainda, para quem curte, há opção de fazer o percurso de caiaque. As empresas alugam o barco e os equipamentos, e disponibilizam um guia para acompanhar.
O Chile é um país mais caro do que a Argentina para brasileiros, considerando o câmbio. Então, hotéis, hostels e até campings custam bem mais do que no país vizinho. Da mesma forma, restaurantes e supermercados. O ideal é levar um pouco mais de dinheiro para não passar sufoco. Ah! Não há banco no local e quase nenhum estabelecimento aceita cartão. A dica é entrar no país já com dinheiro chileno ou sacar no banco de Chile Chico, a 160 quilômetros de Río Tranquilo.