Normalmente nossa primeira lembrança com relação a animais é boa. Não é o meu caso. Minha primeira lembrança é horrível.
Ver meu pai espancando com um facão, os bois que sofriam sob uma carga de lenha que não podiam carregar, esvaziou o coração da pequena Clau. Minha mãe intercedeu, tiraram parte da carga até que os pobres bois pudessem fazer o trabalho.
Há mais de sete anos carrego uma carga que deveria ser dividida com o poder público, com as pessoas que por conveniência e conforto, abandonam, com os que destilam suas frustrações violentas em indefesos animais. Vi que o esforço para melhorar a sociedade, para humanos e animais, pois estão ligados, deve ser direcionado à construção de ações efetivas e duradouras. Assim surgiu a ideia de ser vereadora, ideia esta que hoje é realidade graças ao reconhecimento de quase 1.700 pessoas.
Há dez anos me imaginava como empresária, era o caminho natural que eu já havia pavimentado. Mas quando se tem o olhar social, quando a empatia muitas vezes não deixa dormir, ela se torna um chamado.
Atuando como voluntária vejo diariamente o sangue, as fraturas, os uivos e gemidos. Já perdi as contas de quantos últimos suspiros aconteceram nas minhas mãos.A pequena Clau volta, vendo seu próprio pai, um poderoso humano, subjugando com violência e lâmina seres mais fortes e mais humildes que ele.
Era a cultura da época, não o culpo. Mas hoje esta “cultura” tem que acabar.
Sou realista, sei que este conceito ainda viverá mais do que eu, mas precisamos acabar com a crueldade
Quem é cruel com animais, treina covardemente para um dia ser cruel com outro humano.